sexta-feira, 10 de abril de 2009

Des Amis du Mouton Degustam Champagnes


Confreiras e Confrades a postos, com as papilas linguais já preparadas.


Abertura dos Trabalhos da Noite, com o Profo. Roberto Rodrigues 
a Confreira Márcia Parente (meditando).

Em noite que se revelava promissora, a Confraria Des Amis du Mouton se reuniu, mais uma vez, na ABS-Rio, continuando o seu ciclo de degustacões dos vinhos das diversas regiões produtoras da França. Na ocasião, foram degustados, às cegas, de modo muito prazeroso, quatro excelentes champagnes e um espumante de altíssima qualidade, imiscuído entre eles.


Todas as garrafas foram cuidadosamente camufladas em papel aluminizado, 
numeradas de 1 a 5 e servidas próximo da temperatura ideal.


Visão Geral da Grande Mesa de Degustação, com o Grupo já preenchendo 
a Ficha de Avaliação.


Antes de servir os vinhos, como de praxe, o Coordenador do Grupo, Professor Roberto Rodrigues, nos discorreu, de modo bastante didático, para recordar, sobre a Região da Champagne e sobre a elaboração do Champagne.


Desde o século V, os romanos já produziam uvas e vinhos na região da Borgonha, no centro da França. Os vinicultores ao norte, em Champagne, tentavam produzir vinhos, mas enfrentavam alguns problemas, devido às diferenças de clima e solo (Champagne situa-se no limite geográfico da região propícia para o cultivo): as uvas da Champagne tinham mais dificuldade em atingir o ponto de amadurecimento, tornando-se, com isso, mais ácidas e menos doces.



Foi o lendário Dom Pérignon (Pierre Pérignon: 1639-1715), tesoureiro da Abadia de Hauvillers, o homem que mais inovou na vitivinicultura da Champagne. Ficou tão famoso, que a ele se atribui a própria invenção do champagne, o que, hoje, embora sem pretender diminuir os seus méritos, é bastante questionável.



De acordo com a legislação francesa (Appellations d'Origine Controlée ou AOC), o termo Champagne somente pode ser aplicado aos vinhos produzidos na região de Champagne, situada bem ao norte da França, a cerca de 150 km de Paris. “Champanhes” produzidas em outras regiões do mundo são, na verdade, “vinhos espumantes” e adotam nomes regionais, a saber: Cava, na Espanha; Sparkling Wine, nos países de língua inglesa; Asti, no Piemonte; Prosecco, na rigião do Vêneto; Sekt, na Alemanha e, por fim, Espumante, no Brasil.

Champagne se localiza sobre ondulações, colinas de 150 a 200 m de altitude. O solo é calcáreo e corresponde a 49 graus de latitude Norte, região bastante fria, zona de transição entre os climas de influência oceânica e continental. A temperatura média anual é situada em torno dos 10 Graus Celsius; as chuvas caem entre 600 e 700 mm. Uma maior insolação de determinado vinhedo é fundamental, para que a safra seja apropriada para a elaboração de um millésime.

A área de produção da Champagne é de 35.000 hectares e as Regiões são quatro:

Vale do Rio Marne, Montagne de Reims (que, juntamente com a Côte des Blancs tem o melhor terroir da Champagne), Côte des Blancs e Região Sul, compreendendo Sézane e Aube, região mais recente, continuação da Côte des Blancs (predomínio da Chardonnay).

As tres uvas permitidas na Champagne são as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e a branca Chardonnay.

A Pinot Noir dá estrutura, corpo e aptidão para o envelhecimento do vinho. Mais encontrada em Montagne de Reims, na Região Sul e, em menor quantidade, no Vale do Marne.

A Pinot Meunier contribui com a fruta e a maciez e é produzida em maior escala no Vale do Rio Marne.

A Chardonnay aporta elegância, acidez e fineza ao vinho, sendo mais cultivada na Côte des Blancs e, em menor proporção, na Reg. Sul.

As uvas tintas são, é bom lembrar, vinificadas em branco e em separado, representando cerca de 75 % da produção; o restante é preenchido pela Chardonnay. Os rosés são elaborados com uma mistura de vinhos brancos e tintos e não pelo método de sangria (feito pela maceração interrompida das cascas de uvas tintas no mosto).

Depois desse Preâmbulo, passemos à vinificação, que, na Champagne, é feito pelo "Métode Champenoise".

A cuidadosa colheita manual e seletiva é realizada, colocando-se as uvas em caixas de plástico, com capacidade para até oitenta quilos de uvas.

As uvas são, então, levadas imediatamente para os lagares e se inicia a prensagem, em cachos inteiros, sem desengace.

Fermentação:

Antes da fermentação, o mosto é decantado (para a limpeza do mesmo). Acrescentam-se as leveduras selecionadas e tem início a fermentação alcoólica, em temperatura controlada, na faixa de 18-20 Graus Celsius. Nesse processo, o açúcar se consome, transformando-se em álcool e gás carbônico (num prazo de uns dez dias)

A seguir, começa a fermentação malolática, que é o processo pelo qual o metabolismo das bactérias (leveduras) transforma o ácido málico em ácido lático. Trata-se de uma etapa importante, que leva ao melhor caminho para baixar a acidez do vinho.

Finalizada a etapa da fermentação, o vinho passa pelo processo da clarificação e é trasfegado para piletas, onde se armazena. Então, o Enólogo inicia as degustações, de tempos em tempos, do vinho, que, agora, passa a ser chamado de "vinho-base". para avaliar as suas características organolépticas.

Assemblage:

Somente alguns vinhos-base, obtidos pelo método acima descrito, terão um ótimo equilíbrio de aromas e de acidez, necessário para se elaborar um bom champagne. É aí que entra a habilidade do Enólogo, que realiza a mistura de vinhos diferentes, de diversas procedências, com o objetivo de encontrar o melhor vinho-base possível. Esse procedimento é chamado de Assemblage e se constitui no grande segredo na elaboração de um bom champagne.

Vinhos-reserva de safras anteriores também entram no assemblage, prática que foi criada por Dom Pérignon e que se mantém através dos tempos. Podem-se utilizar de cinquenta a oitenta vinhos-base, mistura que leva a uma cinergia entre os vinhos componentes, o que resulta num "cuvée" ou mescla de vinhos, de melhor qualidade do que a de cada vinho isoladamente.

Mas não nos deixemos esquecer dos champagnes especiais, os Millésimés, elaborados com uvas de uma única safra. São Champagnes de excelência, de preço bem mais elevado, e elaborados em anos de safras excepcionais.

Segunda Fermentação:

Etapa do Licor de Tirage -

Aqui, o vinho é resfriado e filtrado. Por causa das fermentações, o vinho ficou seco, isto é, sem açúcar e sem leveduras. Assim, se adicionam leveduras e açucar, para se obter uma segunda fermentação. Para se obter a pressão mínima, que é de 5 atm., colocam-se de 24 a 25 g de açúcar por litro de vinho: É feito um licor de Tirage, composto de vinho e açúcar, que se adiciohna ao vinho-base.

Quanto às leveduras, devemos acrescentar que elas precisam ser bastante adaptadas para a sobrevivência e fermentação desse vinho, que se tornou um meio hostil para os microorganismos, devido ao álcool e ao anidrido sulfuroso (que são potentes inibidores dos processos biológicos). Cada produtor tem as suas próprias leveduras, cuja composição e método de adaptação se constitui numa espécie de "segredo de estado".

Acrescentam-se clarificantes ao vinho, com o objetivo de facilitar a "remuage". Chegada a esta etapa, o vinho passa a ser engarrafado em garrafas de vidro espesso, capazes de suportar as altas pressões em seu interior. Após, as mesmas são fechadas dom chapinhas de metal, iguais às de refrigerantes e cervejas. As garrafas são empilhadas na posição horizontal, nas caves, enormes galerias cavadas no subsolo, onde a temperatura é bastante baixa.

Prise de Mousse ou Tomada de Espuma:

É a segunda fermentação, que resulta no champagne, com suas borbulhas características. Aqui, o açúcar do licor de tirage se transforma em álcool, liberando o gás carbônico, agora retido na prisão da garrafa fechada. Esse processo se dá no período que varia de quatro a seis semanas e se realiza na temperatura natural das caves, que gira em torno de 12 a 13 Graus Celsius, temperatura ideal para uma apropriada integração entre o gás e o vinho.

Envelhecimento:

As garrafas permanecem nas caves pelo período de, no mínimo, um ano, para os champagnes clássicos e de tres anos para os millésimés. Os melhores clássicos ficam por um prazo de dois a cinco anos, sendo que os grandes cuvées, de maior estrurura, podem podem envelhecer por até dez anos.

Durante o período de Envelhecimento, ocorre a Autólise das leveduras, pois elas não sobrevivem à segunda fermentação. O vinho, então em contato com essas leveduras mortas, vai adquirir maturidade e a tão desejada complexidade aromática.

Remuage:

Nessa etapa, as garrafas passar para as "pupitres", uma espécie de cavalete, com os gargalos inclinados para baixo. Diariamente, o funcionário encarregado ("remueur") faz um ligeiro movimento de rotação e de inclinação, direcinando a garrafa, aos poucos, para a vertical, com o objetivo de fazer com que o depósito se acumule na saída do gagalo. Um só remueur é capaz de girar milhares de garrafas por dia e a profissão passa de pai para filho. Esse método manual vem sendo substituído pelas giropaletas, que são máquinas apropriadas para a tarefa. O motivo desse árduo trabalho é a clarificação do vinho, que resulta turvo da segunda fermentação pela presença das células das leveduras mortas. É necessária a remoção desse sedimento, sem a perda do gás carbônico.

Dégorgement:

Nessa etapa, procede-se o congelamento dos sedimentos concentrados junto à tampa de metal, enfiando-se o gargalo das garrafas em uma solução de baixíssima temperatura. Colocam-se, a seguir, as garrafas na posição em pé e se removem as chapinhas de metal. Os resíduos congelados são expulsos pela pressão do interior da garrafa. O volume é completado pelo "liqueur d'expidition", cuja base é o açúcar de cana. Podem ser acrescentadas outras substâncias, como o conhaque, para o aporte de aromas.Dependendo da quantidade adicionada, o champagne será brut, sec, demi-sec, doux, etc.

Por fim, as garrafas recebem as rolhas apropriadas de cortiça, guarnecidas por arame, a gaiola ou "muselet", necessária para sustentar a pressão interna, que gira em torno de 6 atm. As garrafas seguem para as caves, onde permanecerão deitadas, por muitos meses, para a incorporação de licor de expedição ao vinho. A rotulação é procedida mais tarde, na fase de comercialização do preciosa líquido.

Armazenamento:

Os Champagnes clássicos devem ser bebidos no prazo de um ano, depois que chegam ao mercado consumidor. Apenas os cuvés e os millésimés melhoram com a guarda por mais tempo, pois ganham complexidade aromática. Os melhores champagnes podem ser guardados por décadas e envelhecem de modo admirável.

Quato à doçura, os Champagnes se classificam em:

Brut Nature (ou pas dosés) - Sem adição de açúcar;
Estra-Brut - Adição de até 6 g de açúcar por litro de vinho;
Brut - Menos de 15 g/l;
Extra-Dry - Entre 12 e 20 g/l;
Sec - Entre 17 e 35 g/l;
Demi-Sec - Entre 33 e 50 g/l;
Doux - Mais de 50 g/l.

Classificação do Champagne Quanto à Categoria:

NV (Non Vintage) - Trata-se do champagne mais comum, elaborado com uvas de várias safras;
Vintage ou Millésimé - Champagne elaborado com uvas de uma mesma safra, que deve ser excepcional;
Cuvée Prestige ou Special Cuvée - Pode ou não ser de uma mesma safra, mas normalmente é elaborado por uma mistura dos vinhos dos melhores vinhedos da Casa.

Blanc de Blancs e Blanc de Noirs:

Champagne elaborado apenas com a uva branca Chardonnay. O Blanc de Noirs com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, vinificadas em branco (sem o contato com as cascas, onde se encontram os antocianos, pigmentos que dão cor ao vinho).

Classificação do Produtor - Aparece em letrinhas no rótulo do vinho: NM, RM, CM, RC, etc.

Classificação dos Crus da Champagne:

Mais de trezentas comunas possuem classificação de terroir e ela determina o preço a ser pago por quilo de uva da região.

Grand Cru - Refere-se ao que há de melhor dos terroirs da região, pagando-se 100 % do valor máximo da uva ao produtor. Existem dezessete comunas que fazem parte dessa classificação e é dessa região que provêm os melhores champagnes.Os critérios que determinam a qualidade são o subsolo (calcáreo). a declividade do terreno, a ótima exposição ao sol e as castas Chardonnay e Pinot Noir.

Premier Cru - É a segunda em importância e engloba cinquenta comunas. O preço das uvas gira em torno de 90 a 99 % do preço máximo.

Restante do Terroir -

Compreende duzentas e vinte e quatro comunas, principalmente no Vale do Marne. Aqui, as uvas são vendidas por preço 80-89 % do preço da reg, Grand Cru.


Depois da Aula, Mestre Roberto Rodrigues iniciou o Serviço dos Vinhos, em taças numeradas de 1 a 5.

Vinho 1`-

Bela cor amarelo-ouro clara, com aromas de leveduras, fungo porcini, pêssego, abacaxi, manteiga e nozes.

Vinho 2 -

Também Amarelo-ouro claro, revelando uma explosão de aromas de amêndoas torradas, café, algo mineral... Frutas maduras e secas, leveduras e bala de café e caramelo.

Vinho 3 -

Bela cor Amarelo-palha clara, com aromas de frutas secas, maduras (pêssego, damasco), Mais fresco: Lima, fruta do conde.

Vinho 4 -

Cor semelhante à anterior, com aromas de café, avelã, leveduras e discreto amanteigado. Este vinho é melhor na boca que no nariz.

Vinho 5 -

Bela cor Amarelo-ouro clara, com aromas de amêndoas torradas, aromas de padaria, frutas maduras, frutas secas, mel e discreto mineral.

Terminada a cuidadosa degustação , o segredo foi revelado:

V1 - Cave Geisse Terroir Nature, 2002, produzido pela Cave de Amadeo, Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul, Brasil.

V2 - Champagne Barnaut Grand Cru Blanc de Noirs, 12 % Vol., produzida por Barnaut.

V3 - Champagne Piper Heidsieck, produtor de mesmo nome. Vinho gentilmente ofertado ao Grupo pela Confreira Márcia Parente, que o fez acompanhar por finas fatias de salmão levemente defumado, creme azedo(creme de leite e limão) e pães.

V4 - Champagne Pommery Brut Royal, produzido por Pommery

V5 - Champagne Krug Grande Cuvée Brut, 12 % Vol.

Todos os Champagnes foram muito apreciados, recebendo uma média alta nas notas dadas pelos degustadores, sendo que o V2 teve a maior pontuação.

O Espumante, imiscuído entre os champagnes, fez belo páreo, sendo mesmo confundido com estes.

Enfim, realizamos uma memorável experiência, de intenso prazer e aprendizado, que torna a Confraria cada vez mais motivada e preparada para desvelar novos caminhos, na trilha da Enogastronomia.










































domingo, 5 de abril de 2009

Fotos dos Vinhos e dos Pratos do XXV Encontro da Confraria do Camarão Magro






http://mestres.folha.com.br/pintores/12/images/picture-1.jpg




Vamos, Então, ao Cardápio, aos Vinhos e Suas Fichas Técnicas:

Boas-Vindas -

Espumante Casa Valduga 130 Brut– 13,0 %
Método: Champenoise
Produtor: Casa Valduga
Castas: 50% Chardonnay; 50% Pinot Noir
Origem: RS – Vale dos Vinhedos – Bento Gonçalves - Brasil.

Entrada:

Attems Tocai Friulano” 2007 -13,0 %
Produtor: Conti Attems
Casta: Tocai friulano mudado recentemente para Friulano
Origem: Venezia Giulia, no Collio Goriziano,
Itália.

Prato Principal:

Step Road Shiraz – 2003 – 14,5 % (90 Pontos RP).
Produtor: Step Road.
Casta: Shiraz 100%.
Origem: Langhorne Creek – South Austrália.

Sobremesa:

Justino’s Madeira Malmsey 10 Years Old – 19,0 % Vol.
Produtor: Vinhos Justino Henriques, Filhos Ltda
Casta: Malvasia 100%.
Origem: Ilha da Madeira, Portugal.

A Confraria do Camarão Magro se reuniu, como sempre em clima de grande alegria, pela vigéssima quinta vez, agora no Restaurante Gatto Rosso, contando com a presença de vinte e tres membros e convidados.

Menu:

CESTINO DI PANE
Seleção de nossos pães artesanais e seus acompanhamentos.
PARMEGGIANA DI MELANZANE
Frigideirinha de berinjela grelhada “alla parmeggiana”; torradinha de focaccia.
COSTOLETTA DI CINGHIALE
Ripa da costela do javali assada ao forno brando por 12 horas; servida com a guarnição especial da casa ou gnocchi de mandioquinha puxado em seu próprio molho e parmesão.
BAILEY´S PARFAIT
Creme licoroso de whisky, raspa de chocolate amargo, biscoito champagne.

Vinhos:

1) Casa Valduga Espumante 130 Brut -
Método de produção: Champenoise. Elaboração do vinho base, engarrafamento e refermentação do vinho em garrafas de espumante, temperatura controlada na cave em 12ºC, maturação de 48 a 60 meses, ocorrendo autólise de leveduras, remuage em pupitres, dégorgement, arrolhamento e rotulagem.
Uvas: Chardonnay e Pinot Noir.
Paladar: Acidez equilibrada, de amplo e pleno sabor harmônico.
Temperatura de Serviço: 4° a 6°C.

2) ATTEMS FRIULANO 2007 -

(O nome da cepa tocai friulano foi recentemente mudado para apenas friulano)
Produtor: A propriedade do Conti Attems localiza-se em Lucinico, na parte mais oriental da Friuli Venezia Giulia, no Collio Goriziano. O Collio Goriziano se estende numa seqüência de declives (à qual deve seu nome) exposta ao Sul e protegida ao Norte, pelo Prealpi Giulie, dos ventos frios setentrionais.Trata-se de um território particularmente vocacionado para viticultura, tanto que, ao fim do Ottocento, foi uma das primeiras regiões vinícolas italianas a introduzir e valorizar, juntamente com as variedades autoctones (Ribolla Gialla,Tocai Friulano e Malvasia Istriana), outras uvas nobres como Sauvignon, Pinot Grigio, Chardonnay, Cabernet e Merlot. Em 2000, Attems decidiu ampliar seus horizontes e aliou-se a uma das maiores dinastias do vinho, Marchesi de Frescobaldi.

Informações Técnicas e Notas de Degustação:

Colheita: Manual na 3ª semana de setembro.
Fermentação: Em tanques de aço inoxidável, de 15 a 20 dias, entre 18°C e 25°C.
Fermentação malolática: não.
Teor alcoólico: 13%.
Maturação: Por 6 meses em tanques de aço inoxidável.
Degustação: Cor amarelo palha intenso, luminoso e brilhante. O nariz abre vagarosamente, liberando inicialmente nuances florais que, em seguida, juntam-se a fragrâncias frutadas, particularmente de pêra e maçã. Na boca, é encorpado, com bom peso e consistência cremosa, avivada com uma veia dinâmica de acidez. Um gosto forte e saboroso no final, com intrigante mineral, compõe um vinho absolutamente delicioso. A safra de 2007 é notável por aromas ricos e fina estrutura, juntamente com a plenitude de sabores fortes clássicos da área.

Harmonização: Peixes e carnes brancas, mas pode ser bebido como aperitivo, acompanhando presunto de San Daniele.

3) STEP ROAD SHIRAZ 2003 -

Produtor: A Step Road é o sonho de qualquer enólogo. Fundada em 1998, foi construída com base em 2 pilares: Produzir vinhos de excelente qualidade e proteger o ambiente. A tecnologia empregada é de última geração, e os cuidados com o vinhedo, a natureza ao redor e a vinificação são extremos. Seus vinhos Step Road, Black Wing e First Step são sempre muito frutados, com um equilíbrio excepcional entre fruta, madeira, taninos e acidez. Muito fáceis de beber (o difícil é ficar na 1ª garrafa), são resultado de uma grande concentração de sabor e um final de boca longo e cheio de prazer. Além de serem vinhos excepcionais, oferecem excelente relação entre qualidade e preço.

Os vinhedos estão localizados em Langhorne Creek, uma linda planície de origem aluvial. Ali, os rios são margeados por eucaliptos e a região está praticamente ao nível do mar. Em função da proximidade com o Lago Alexandrina, sua influência é notável: Todo final de tarde uma brisa fria invade os vinhedos, baixando drasticamente a temperatura à noite.Também em Langhorne Creek está a vinícola. Equipada com vinimatics, tanques verticais e inclusive diferentes tanques “quadrados” de fermentação; é ali que Rob Dundon e Scott McIntosh elaboram seus vinhos espetaculares.

Variedade: 100% Shiraz.Origem: Langhorne Creek – South Austrália.Solo e Clima: Solo aluvial, clima mediterrâneo, com diferenças significativas entre dia e noite.Produção: A fermentação foi realizada em tanques “quadrados” de aço inox com temperatura controlada, ideal para obter tintos de alta qualidade e concentração. Foi realizada a fermentação malolática.Envelhecimento: 18 meses em carvalho francês novo.Teor Alcoólico: 14,5ºGLTemperatura de Consumo: 18º C.
Notas de Degustação: Um shiraz robusto, com notas de ameixa e especiarias, como pimenta, alcaçuz e menta. Na boca, é generoso, lembrando o chocolate, em um final cheio de sabor e persistência.

Harmonização: Prove com todas as carnes e queijos firmes. Perfeito com pratos ricos em especiarias (steak au poivre, curry), e aqueles preparados com funghi.

Principais Avaliações:

• Avaliação de "Ótima Compra" pelo Guia de Vinhos Gula 2007;• 90 Pontos Robert Parker;• 31/2 Estrelas na Winestate Magazine;Medalha de Prata no concurso Decanter Wine Awards (2004).

4) JUSTINO’s MADEIRA MALMSEY 10 Years Old -

Produto/Engarrafador: Vinhos Justino Henriques, Filhos Ltda.Localização: Ilha da Madeira, Portugal, situada no Oceano Atlântico, a cerca de 600 Km a SW de Lisboa.Tipo de Solo: Vulcânico; natureza basáltica, variando com a altitude.Clima: Temperado com características oceânicas.Casta: Malvasia – em inglês, Malmsey.Colheita: Manual com seleção qualitativa.Classificação: Vinho da Madeira – V.L.Q.P.R.D (DOC).

Degustação: Vinho doce. Cor âmbar escuro. Aroma sugerindo nozes, melaço e baunilha. Redondo, suave. Levemente untuoso e equilibrado. Notas de noz tostada e caramelo agradáveis. Na boca, um final cheio de vigor e persistência. Acidez equilibrada pela doçura. Harmonioso.
Acompanhamento: Perfeito acompanhamento de queijos, sobremesas doces ou servido após a refeição.

O Malvasia e outros Madeiras doces combinam bem com chocolate negro, morangos, ananás e sobremesas à base de café (e.g. tiramisu e gelado de café); acompanham igualmente bem, os doces típicos mais característicos das diversas regiões do país como leite-creme ou arroz doce; ou ainda como digestivo, após o café.

Produção: O Malvasia, bem como Boal, Verdelho, Sercial e Terrantez são vinhos obtidos a partir de castas de uvas produzidas na ilha que, por razões diversas, têm pequenas produções. Na sua totalidade, representam cerca de 10% da produção total da vindima. Como tal e tratando-se de uvas brancas, que necessitam de muitos mais anos de estágio em cascos de carvalho, para obterem as características tonalidades do Madeira, decidiu-se comercializar estes vinhos só no estilo reserva velha ou colheita. Obtidos a partir de um lote de vinhos, todos eles produzidos a partir da vinificação em separado de castas brancas e que, à data do seu engarrafamento, tinham, no mínimo, um estágio de 10 anos em cascos de carvalho francês e americano.

Temperatura de Serviço: O Malvasia e todos os vinhos da Madeira doces poderão ser bem apreciados se servidos entre os 16ºC e 18ºC (61ºF – 64ºF). No entanto, se demasiadamente doces, poderão ser ligeiramente refrescados, de modo a diminuir a sensação de doçura e consequentemente torná-los menos enjoativos no aroma e no paladar.

Resultados Analíticos: Álcool: 19% Acidez Total: 6,6 g/l expressa em ácido tartárico. Açucares Totais: 104 g/l.

Desta vez, tive que lamentar não poder estar presente ao Encontro, mas as fichas técnicas dos vinhos e o menu me foram gentilmente enviadas pelo nosso Presidente, Daniel Acylino. O Relato foi feito pelo Confrade Joil, com o bom humor que o caracteriza... O envio das fotos devo agradecer à Confreira Miriam Astuto.

Passarei, então, ao repasse do relato do Joil:

Em 28/março/2009 - 25° Encontro do Camarão MagroOlha que responsabilidade! A mim coube a difícil tarefa de substituir o relator principal, nosso querido Neri, que esteve impossibilitado de comparecer ao nosso encontro. Pena!.

Logo na chegada, o “Gato Vermelho” nos recebe com um Valduga 130. Excelente! Foi dito até (Bené dixit) que só era espumante porque nasceu no lugar errado. Houvesse nascido a NE de Paris, naquela região famosa, seria chamado Champagne sem medo de ferir a marca registrada.
Após algumas fotos para os arquivos implacáveis da Miriam, subimos as escadas em direção aos antepastos que já nos esperavam. Entre eles, uma pasta de berinjela processada, incrementada com algo bem temperado, tipo azeitona preta e um incrível alho laminado, desidratado ao forno, mergulhado num azeite extra virgem com ervas e pimenta rosa. Isto tudo acompanhado pelo Valduga 130 que se esticou até a mesa. Excelente.

Atenção ao primeiro desafio: A frigideirnha de berinjela à parmeggiana frente ao Attems Friulano 2007 que chegou impávido, mostrando logo seus aromas florais, frutas de massa branca (pêra. maçã, abacaxi, e até uma especiaria ou erva doce). Houve quem visse um e outro levantarem e se cumprimentarem pela excelência dos dois. Um comentário de nossa querida Lígia, dizia que junto com as torradinhas de focaccia a berinjela harmonizava melhor com o vinho.
Um exemplo do cuidado do serviço: nosso querido Efraim explicava que o vinho estava sendo servido a 6° porque com o tempo da chegada da berinjela, iria para 8/10° que é sua temperatura ideal.

Alguém lembrou que a ficha técnica dizia que mais adiante poderia abrir um intrigante mineral. Mas ninguém esperou prá ver e preferiu o desafio entre ele e a beringela. Consensou-se que houve empate.

Passamos , então, ao esperado grande encontro da tarde. De um lado o javali petropolitano trazido pelo simpático e eficiente chef Ricardo Ferraccini e de outro o surpreendente Step Road Shiraz 2003 trazido pelo não menos surpreendente João Luis (O que sabe das coisas).

Chef Ricardo, após nos falar sobre sua tão imensa quanto precoce vocação para a gastronomia, (“Oropa”, França e Bahia!) passou a descrever o percurso do esperado acepipe até chegar aos nossos pratos. Vem de Petrópolis em camionete climatizada (segundo ele em velocidade moderada para não estressar!) até chegar à cozinha onde fica em marinado de vinho tinto por, pelo menos, 24 horas. A seguir é colocada em câmara fria para enrijecer após o que passa por uma “selagem” em chapa quente preparando-se para entrar em forno (110° C) por 4 horas. Ao forno ela estará sempre sendo regada pelo mesmo molho usado na marinagem.

E o vinho? Não fez feio diante de tanta técnica! Diríamos que tudo da ficha técnica é verdade. Um discreto aroma de madeira nova (sem “atropelar”) e um retrogosto maravilhoso que persiste “ao longo”. (Ainda bem!) Fez um belo par não só com o javali como também com as guarnições: uma cebolinha caramelizada divina, as batatinhas arrumadas duas a duas “qual fogueira de São João”. (Gonzagão assinaria) e o gnochi de batata baroa que, se não era o da sorte (era dia 28), chegou perto.

E o Justino 10 anos Malvasia? Presença, corpo, untuosidade, aromas mil, a definição de cor Âmbar. Só ele É uma sobremesa. Em meu modesto ver, sobrou, e o fez com classe, sem humilhar. Mas que sobrou, sobrou.

De repente, uma bela surpresa: a torta de aniversário de nossa querida Denise e, sobre ela, um enorme “vulcão” que ela custou a apagar. Um tititi baixinho, afirmou ser idéia do Bené. . . tsk, tsk.Vida longa à Denise e sua família maravilhosa!

Comentários muitos de que se não foi o melhor, com certeza foi um dos melhores encontros. Um clima “alto astral” e a alegria do “dever cumprido” do nosso “Bispo” do nosso “Imperador” e de nossa “Primeira Dama” sempre simpática, atenciosa e preocupada que tudo esteja dando certo. É claro que está!.

Os agradecimentos ao Marcos e Miriam pela sugestão do local e o registro do teto “salpicado de estrelas” (Salve Orestes Barbosa) sobre a mesa QUASE toda feminina (Olha aí Marcos, te salvei, hein?).Uma tarde maravilhosa!!!