quarta-feira, 22 de junho de 2011

Des Amis de Mouton Degustam um Retsina e um Pinot Noir do Novo Mundo


O Professor Roberto Rodrigues apresenta nossa nova Confreira Danielle Eisemberg, que ingressou no Grupo, sendo muito bem recebida por todos.

Roberto e Márcia Parente: Entusiasmo enebriante.
Depois de longo período, de vastas andanças, cheguei à ABS para uma nova degustação, mais um Encontro da Confraria Des Amis du Mouton. Iria rever os Confrades, novos caldos, novos rumos, meio nostálgico.

João Luiz Caputo, rcio Monteiro(ao centro) e Joaquim Diniz.
Invocando o Poeta e amigo Jaime Caetano Braun: "Meus irmãos de território... El pajador das missões, que repontou dos fogões seu bárbaro repertório... Que chega para um ajutório, do nativismo e da crença. Cantar é mais do que uma doença, que mau olhado ou quebranto e eu sou viciado no canto... E canto, se dão licença.

Uma Visão Panorâmica da Mesa de Degustação.
Tetraneto de cacique, bisneto de curandeira, trago um breve da parteira e dos ranchos de pau a pique. Isso talvez justifique essa imponência baguala do cantor, que quando fala, do sorsal, que quando canta, brotam notas da garganta, que até o silêncio se cala.

Godofredo Duarte (esquerda) e Leonardo Carvalho
E se fui índio primeiro deste chão abarbarado, antes de ser espoliado pelo ibérico estrangeiro... Depois de ser missioneiro, não caí sem resistência e, na bárbara pendência, do taura, sem Deus, nem lei, eu mesmo me aquerenciei dentro da própria querência.

Ubiraci Santana - Cada vez mais duro na avaliação dos vinhos.
E se ela me foi tomada, num raio guacho de luz, quando a beleza da cruz curvou-se à força da espada, extinta a chama sagrada, que toda cultura encerra... Eu, que fui morto na guerra, num barbaresco repuxo, me transformei em gaúcho e renasci sobre a terra"...

Caputo foi ovacionado pelo Grupo, em sua redenção pelo bom vinho e fiambres.
Mas vamos aos vinhos degustados, pois não só de poesia vive o homem:

Anquier Espumante Brut, Don Giovanni, para "fazer a boca". Como de costume, a degustação começou com um Espumante Nacional. Roberto o classificou como um dos melhores já servidos nos nossos Encontros. Dezoito meses no processo champenoise. Bento Gonçalves - Serra Gaúcha/RS: 75% de Chardonnay e 25% de Pinot Noir. Possui bom perlage, com borbulhas finas e persistentes. Apresenta coloração amarelo-palha, com tons dourados. No nariz, revela aromas agradáveis de maçã, abacaxi, pão tostado, manteiga, mel... Na boca, bom equilíbrio, bom corpo e final agradável..

Ritinitis Noble (Phtinithe Nobilis) D.O.C. Retsina, N/S., 12 % Vol., do Produtor Gaia Wines, Grécia.
Da casta Roditis, revela bela cor amarelo-palha clara, muito transparente e brilhante. Intensos aromas de pinho, resina, palmito assado, maçã cozida, funcho; cítricos (casca de limão), tomilho, mineral, amendoim torrado (paçoca). No fundo de taça, nítidos aromas que lembram o tradicional Vick VapoRub. Em suma, um vinho diferente, exótico, que ninguém conhecia no Grupo, nem sequer suspeitava... Já tinha lido sobre esse vinho e sabia ser do tipo que quase ninguém gosta. Obteve a Nota 89,10, como Média do Grupo. Harmoniza com Pratos Regionais, como saladas gregas com pimentão e necessita do clima da Grécia para ser apreciado... Aí, o vinho deve crescer!
A história do Vinho Retsina remonta à Antiguidade. As ânforas de cerâmica, onde era colocado o vinho, eram fechadas com essa seiva, para que o vinho não estragasse de modo muito rápido, devido à entrada de oxigênio. Os aromas de resina passam para o vinho. Na produção desse vinho, é importante que se utilizem apenas uvas de primeira qualidade e se tenha muito cuidado na
vinificação. A base é um vinho branco da uva Roditis (ou da casta Savatiano), geralmente da região de Ática, adicionando-se uma dose calculada de seiva de pinus. É isso que atribui ao vinho o seu aroma característico e faz com que a durabilidade seja maior.
Entretanto, mesmo após a utilização de barris de madeira e de garrafas de vidro, os gregos continuaram a utilizar a seiva para dar esse típico aroma ao vinho, mantendo a tradição. No final dos anos 70, esse vinho saiu de moda, já que os produtores renderam-se às técnicas modernas
da produção. Atualmente, tem havido algo como um renascimento desse vinho e a produção tem aumentado.

Terre di Franciacorta DOC, 2003, do Produtor CA' DEL BOSCO - 100 % Chardonnay.
Aromas de baunilha, lácteos, flores brancas, mel, lima, maçã cozida, laranja, pêssego em calda, doce de leite (bala de), abacaxi, pimenta branca, cravo, casca de pão torrado... Obteve a Nota 92, como Média do Grupo.

A rolha chamou a atenção pelo seu tamanho (cerca de 5 cm)!

Finca Dofí 2006, 14,5 % Vol., DOC Priorat, Espanha, do Produtor Alvaro Palacios.
Aromas de baunilha, leite-de-rosas, cereja, cassis, ameixa preta, caramelo, amêndoa torrada, especiarias (canela, noz moscada); um frescor, como louro, aniz estrelado; café... Recebeu a Nota 90, como Média do Grupo.

The Crusher Wilson Vineyard 2008, 13,5 % Vol., do Produtor Tree Loose Screws, Califórnia.
Uma profusão de agradáveis aromas de baunilha, violeta, groselha, ameixa preta, fiambres com azeitonas discretamente defumados, pele de salame, pastrami, café, tabaco... Ofertado pelo Confrade Caputo, veio junto com deliciosos pães e fiambres diversos, além de queijos de qualidade indiscutível. O Grupo o aplaudiu e lhe conferiu a Nota de 88,50, como Média.

Cuvée Marianna Extra Brut, N/V., do Produtor Arunda, Trentino-Alto Adige - Itália.
Aromas de fermentos, nozes, abacaxi em calda e lácteos (queijo grana padano). Trata-se de um bom Espumante italiano, mas perde para o Ferrari Perlé, de menor preço e de qualidade bastante superior. Bem, é difícil alcançar um Ferrari...

Reverse Six 2007, 14,5 % Vol., Winery Arts, La Rioja, Espanha. Tempranillo e Merlot.
Vinho extra da Noite, servido para acompanhar os fiambres. Agradou bastante e harmonizou.