A tarde estava assim, rm 06/12/15, no refúgio dos Anfitriões.
Depois do bloco carnavalesco da última sexta, com Samba até a madrugada, depois do Encontro do sábado, à Fantasia, da Confraria Dionísio, escrevo aos meus leitores Enófilos, desta vez sobre o já consagrado Grupo Cristal, que se Encontrou, em dezembro de 2015, no Espaço "Gourmet" dos Confrades Marcus Vinicius Rezende e Georgeana, um local amplo e bem montado, que abrigou confortavelmente o nosso Evento.
E o Redentor, pairando no alto do Corcovado, previa chuva.
O Grupo Cristal foi fundado em 2004 e se Encontra, a cada ano, sempre no início de dezembro. É composto por doze membros, que se dividem em dois sub grupos, de seis membros cada um (cada sub grupo recebe uma garrafa de cada um dos vinhos escolhidos, com exceção do de sobremesa).
Marcus Vinícius e Georgeana recebem o Grupo Cristal.
O objetivo do Grupo é degustar os melhores champagnes e vinhos do Mundo. Para tal, instituiu-se um depósito mensal, durante o ano, numa conta do "FMI", gentil e carinhoso apelido recebido pela Confreira Emília Leandro, esponsorada por Fátima Carvalho, que aceitaram a missão de ser as Guardiãs da Poupança do Grupo e o fazem com paixão e amor ao vinho e ao Grupo.
Sandra, Sílvia e Fátima Carvalho já expressam forte sede!
Como todos os anos, o Grupo Cristal fez uma pesquisa entre os Membros: "Que vinhos vamos escolher?" Dei-me conta de que havíamos degustado os melhores vinhos do Mundo, inclusive o Vega Sicilia Unico e faltava algum do outro lado do Douro. Foi aí que lancei a idéia: "Vamos degustar um Barca Velha"! Pronto, como diria Julio Cesar aos seus soldados, ao atravessar o Rio Rubicão, "alea jacta est!"...
Georgeana Macedo, Fátima Carvalho e a Chef Angélica.
Em Encontros anteriores, já havíamos degustado excelentes Espumantes, como Cava Benito Escudero Abad, Franciacorta (o preferido da Emília), dentre outros. Dei-me conta de que ainda não degustáramos o Ferrari Perlé, do qual sou grande apreciador, desde que o provei na Confraria "Des Amis du Mouton", nosso Grupo Oficial de Degustação da ABS. E, realmente, ninguém ficou decepcionado depois de o provar... Ficaram com gosto de "quero mais" na boca.
Visão da Grande Mesa, com Emília Leandro, Gilson e Dara.
A Chef Ana Salles Focada em Seu Labor: Delícias!
Outra tomada da detalhada Elaboração do Cardápio.
Preparo dos Espetinhos de Lula Com Farofa à Provençal.
O Grupo Cristal, Agora com Doze Membros, Brinda!
A Competente Equipe da Chef Pousa Junto aos Vinhos.
Cada Confrade Teve o Seu Cardápio Estampado à Frente.
O Sommelier, em sua Labuta Solitaria e Silenciosa.
Vanessa nos Socorre, na Abertura dos Trabalhos.
Dara e Georgeana Macedo Verificam a Mesa.
Aqui está o Menu, Com Duas Opções.
Vamos ao Coquetel, acompanhado pelo Espumante Ferrari Perlé:
Bisque de Camarão Com Pistu, By Chef Ana Salles.
Bolinhos de Inhame e Cogumelos Recheados com Queijo.
Espetinhos de Lula Com Farofa à Provençal: Nunca Mais
Aceitei Tal Iguaria, desde os Idos de 2003!
GostosasTorradinhas de Pão Integral Acompanhou Bem.
Pedacinhos de Abóbora Preparados Para a Grelha.
Carpaccio Artesanal de Peixe Branco Com Azeite
Morno de Ervas, Acompanhado de Focaccia de Limão.
Para os Que Não Desejaram o Carpaccio, Este Camarão.
Pranto Principal: Filé à Welligton (Foi o da Minha Escolha).
Bolo de Amêndoas Com Coulis de Damasco.
Duas Garrafas de Champagne Dom Pégignon 2004.
Majestosa a Garrafa do Champagne Junto ãs Rosas.
Cor : Amarelo palha com reflexos dourados. Límpido, perlage fino e persistente. Nariz : Aromas de frutas brancas secas e cítricas. Boca: Boa cremosidade. Equilíbrio de acidez e álcool. Elegante e com boa estrutura. Harmonizou com o meu Carpaccio de Peixe Branco.
Vin Santo di Montepulciano DOC 1998, 14 % Vol., de
Avignonesi, Itália, Toscana.
Da Casta Sangiovese, estagia por dez anos em Barricas de Carvalho de 50 litros (chamadas de "Caratelli") e descansa engarrafado na Adega por tempo mínimo de um ano.
Com Bela cor âmbar, revela-se um vinho de um bouquet muito intenso e persistente. Uma verdadeira sinfonia de aromas de pétalas de rosas, frutas secas, chá, especiarias, além de baunilha... Na boca, é muito encorpado e doce, porém não de modo excessivo.
Este vinho me fez relembrar a visita à Adega Avignonesi, em Montepulciano, na bela Toscana, com almoço e degustação, que realizamos, juntamente com a Confraria 145, no dia 04/09/14, viajando com José Carlos Santanita e Joelma Rodrigues; algo que se pode gravar na memória, de modo indelével!
O "Desfile" das Garrafas: Ferrari Perlé e Dom Pérignon.
Barca Velha, DOC Douro, produzido pela Casa Ferreirinha. Este era o da safra 1999, com 13,5 % de álcool. Elaborado com Castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão.
Este vinho não é somente um vinho, um majestoso vinho de Portugal. É uma lenda engarrafada! Cheio de história e de estórias, como tantos vinhos consagrados, como o vetusto Douro, cujas encostas abriga a Quinta do Vale do Meão, encantos da Dona Antônia Adelaide Ferreira, "A Ferreirinha", tão cultuada em Portugal, como Pedro Álvares Cabral, Camões, Vasco da Gama ou Saramago (tanto o Escritor, quanto o Enólogo antigo da José Maria da Fonseca, hoje da Tapada dos Colheiros, no Alentejo, o amável Antônio Saramago, que elaborou o Vinho "Dúvida", que tive a ventura de degustar lá mesmo, pois adquiri umas garrafas com o Saramago, após o Jantar de Encerramento da viagem realizada com a Confraria 145, no Restaurante da Praia do Guincho, em Lisboa).
Já havia tido a felicidade de degustar, antes, esse vinho tão propalado e tão raramente encontrado. Confesso que fiquei curioso, quanto à origem do seu nome, interrogações que, como de resto, suscitam muitos vinhos de Portugal. Lembram-se do Má-Partilha, do Pera-Manca, do Monte dos Cabaços, do Cabeça de Burro, do vinho do Putto, do Rapariga da Quinta? Pois é... Todos dão margem a fantasias quanto à sua origem. Não seria assim com o "Barca Velha"? Então minha intriga me levou a me informar que o nome se refere a uma antiga barca, da qual se serviam para atravessar o Douro e alcançar a Quinta do Vale do Meão.
"Desfile" Completo das Garrafas dos Portentosos Vinhos.
O primeiro Barca Velha, da safra de 1952, só chegou ao mercado em 1960! Depois dele, foram lançadas as safras de 64, 65, 66, 78, 81, 82, 83, 85, 91, 95, 99 e 2004. Vejam os Confrades que saíram, somente, 13 safras, num intervalo de 63 anos... Em alguns períodos, o intervalo entre as safras chegou a ser de 12 anos (1952-1964 e 1966-1978), o que chama a atenção para o extremo cuidado na elaboração desse grande vinho. Mas não há problema, a gente espera e vai degustando o Casa Ferreirinha Reserva Especial.
Na elaboração desse vinho, como é a tradição dos vinhos do Douro, as uvas são pisoteadas. O Vinho resultante fica em barricas de carvalho por cerca de quatro anos. O Enólogo Fernando Nicolau de Almeida (antigo), da Vinícola, tirava amostras do vinho e as analisava com a esposa. Chegavam à conclusão se seria um Barca Velha ou engarrafado como Ferreirinha Reserva Especial.
O Grande Ícone dos vinhos da "Terrinha" é um Vinho de Guarda. Mas, aos 10 anos de idade, costuma estar pronto. Chega com fôlego aos 20 anos, e pode pode continuar bom por muito mais tempo. A produção é em torno das 50 mil garrafas ao ano.
Todos sabemos que um bom vinho, principalmente um desse porte, é fruto de muito investimento, trabalho árduo e amor, mormente em um lugar "de nove meses de inverno e três meses de inferno"... Pois assim foi e tem sido na elaboração do Barca Velha, que só sai em safras excepcionais, como um Porto Vintage.
Folgo ao perceber que fizemos uma excelente escolha, mais uma vez, para o Encontro de Dezembro/15... Pois, fazer uma indicação para o Grupo Cristal, não é uma tarefa livre de tropeços!
O Grupo registra os seus efusivos agradecimentos a todos os Colaboradores, em especial à Fátima Carvalho, à Emília Leandro, à Sandra e ao Sidney Leone, bem como aos Anfitriões Georgeana, ao Marcus Vinícius Rezende e à Equipe da Chef Ana Salles, sem a ajuda dos quais os nossos tão esperados Encontros não teriam passado de meras fantasias, devaneios e sonhos...
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