segunda-feira, 27 de junho de 2016

Des Amis du Mouton Degustam Portentosos Vinhos de Collares.

Mestre RR não consegue esconder a emoção, diante de um 69.

Eu sempre me encantei pela região de Collares! E esse misto de curiosidade e encanto se inoculou em mim no Curso Básico da ABS-Rio, quando o Professor Ricardo Farias discorreu, em uma das suas belas aulas, sobre o flagelo da Phylloxera vastatrix, que, levada da América do Norte para a Europa, devastara os vinhedos daquele Continente e de outras plagas do Mundo... Mas a região de Collares ficara incólume ante o ímpeto implacável do terrível inseto. Plantadas em pé franco, em solo de areia, as raízes da vinha penetram muito profundamente, de modo que o pulgão não consegue se desenvolver.

Um "desfile" de bela cor do Moscatel Roxo nas taças.

De modo que fiquei assaz entusiasmado, quando o Professor Roberto Rodrigues anunciou que degustaríamos essas relíquias herdadas de Baco. A região de Collares conta uma vasta história: Trata-se da segunda região demarcada mais antiga de Portugal (1908)...O início do vinhedo de Collares vem dos remotos tempos  do Império Romano.  No entanto, foi o Rei Afonso III de Portugal (1255) quem ordenou o plantio da vinha naquela região, quando fez a doação do pequeno Reguengo de Collares. Assim, a gleba foi plantada com videiras trazidas da França.


Panorâmica da Grande Mesa de Degustação da ABS.

Collares é uma pequena região vinícola situada perto de Lisboa, no concelho de Sintra, circundando a Freguesia de Collares, entre a montanha e o mar. A região  é uma DOC e se estende ao longo da costa do Atlântico. As vinhas são protegidas por dunas de areia. A região produz tintos encorpados, de cor densa e bastante taninosos. A certificação da DOC Collares é dada pela Comissão Vitivinícola Regional de Bucelas, Carcavelos e Collares.


A Confreira Laura Cavallieri propõe um brinde ao Grupo.

Por causa dos fortes ventos vindos do Atlântico, as vinhas crescem sem condução, expandindo-se horizontalmente pelo solo. Para a proteção do vinhedo, as mesmas são cobertas por paliçada de cana. Por ocasião do crescimento dos cachos, os vinhateiros suspendem as ramas individualmente com astes de cana, de modo a não tocarem o solo, para evitar que apodreçam.


Seguida no Brinde pela Confreira Mélaine Rouge.

A principal Casta é a tinta Ramisco, que, em outras regiões, é praticamente inexistente. A Ramisco é muito ácida e tânica, resultando em vinhos com longo potencial de guarda. Essa Casta Tinta representa 80 % dos vinhedos, enquanto que a Casta Branca Malvasia, por outro lado, também representa 80 % das brancas nessa região.


O Confrade Michel Batista, que nos regalou com um Vinho.

No  mundo pós Philloxera, havia uma escassez de vinho enorme e Collares sorria triulfante, com os seus vinhedos a proliferar... Oferta e procura altas, sempre foram os ingredientes propícios para negócios rentáveis. Certamente deve ter havido uma época em que Collares alcançara uma trajetória ascendente,  para se tornar uma das mais proeminentes regiões vinícolas da Europa. Mas esse não seria o seu destino.


A confreira Carol Figueira, com Rodrigo Caldas e Oscar Daudt.

 A região passou da condição de quase o centro do mundo do vinho, para estar à beira da extinção em que se encontra hoje. E o motivo é obvio: É muito difícil, trabalhoso e caro se cultivar vinhas ali. É um trabalho demasiado árduo! A região sofre especulação imobiliária (expansão urbana de Lisboa), o que a tornou uma das menores regiões vinícolas de Portugal... Entretanto, depois que Portugal entrou para a UE, a Região voltou a crescer e hoje já há muitos vinhedos de enxertia, aumentando a área plantada de 20 a 30 ha., para 100 ha., nos últimos dez anos.


O "Desfilar das Garrafas" dos vinhos provados na noite.

Os Collares são vinhos de caráter único, pela especificidade do terroir presente na Região. Uma região caracterizada pela exposição a ventos salgados, nevoeiros matinais e solos arenosos com vinhas em pé franco.


Destaque para os dois Portentosos Collares.


Jaen 2013 DOC Dão, de Quinta da Alameda Santar, Portugal, Dão.
Eu$ 21,00 (exterior), RR = 86,0 e Grupo = 86,7.  Um belo exemplar 
dos novos vinhos do Dão com a casta Jaen. Ainda muito jovem.


Collares tinto 1999 DOC, de Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Portugal, Lisboa. Eu$ 19,00 (Exterior), RR = 88,0 e Grupo = 85,6. Exemplar tipico de um Collares. De vinhedos não muito velhos, o que o faz evoluir rápido.


Collares Reserva Tinto DOC 1969 (pé franco), de Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Portugal, Lisboa. Eu$ 44,00 (Exterior), RR = 92,0 e Grupo = 88,3. Belo Collares de vinhas em pé franco e bem antigas. Pareceu-me ainda muito jovem (mais até do que seu primo degustado antes). Casta Ramisco.

Ao ataque, revela nítidos aromas defumados, mercaptano (que se desvanece com a evolução na taça); terroso (terra úmida) feno seco, pinho, "subois", carne assada, frutas secas, passificadas (cereja?), café, tabaco, groselha, romã...

Endre Yountville Napa Valley 2007, de Kapcsandy Family Winery, USA, Napa. (Extra, trazido por Michel), RR = 91,0 e Grupo = 90,9 com WS=90. Excelente corte bordalês de Yountville (Napa).

Lamentavelmente, esse vinho era falsificado: O Professor Roberto Rodrigues levou a garrafa para casa retirou o rótulo, como de costume, verificando que, por baixo do mesmo, havia outro rótulo. Mas o vinho que a garrafa continha era um vinho de qualidade, mascarando a fraude.


Excellent Moscatel Roxo DOC Setubal nv, de Quinta do Anjo, Portugal, Setubal. Eu$ 39,15 (Exterior), RR = 93,0 e Grupo = 94,5.Belo exemplar de Moscatel Roxo de um produtor desconhecido.

No Nariz, uma sinfonia de aromas de baunilha e caramelo...frutas secas, damasco seco, amêndoas, nozes, figo em compota, mel, alcaçuz... Na Boca, é doce, vivo, quase muito quente, redondo, encorpado e pouco tânico. Ainda se pode guardar por muitos e muitos anos (feito felicidade engarrafada!). 

RR explica que a Moscatel Roxo é uma mutação da Casta Moscatel, que é uma casta branca. somente é encontrada na Península de Setúbal

Principais Castas na DOC Moscatel de Setúbal:

Principal casta tinta: Moscatel Galego Roxo;
Principal casta branca: Moscatel de Setúbal (Moscatel Graúdo).

O Mesa de Baco agradece aos Confrades e Confreiras que trouxeram vinhos, em sua missão incansável de garimpar pelos porões das adegas do mundo a fora. Não poderia deixar de agradecer, também, ao Professor Roberto Rodrigues, que possui os créditos pela descrição dos vinhos, que destaquei em verde. Enfim, pela bela aula a nós ministrada, numa noite que nos ficará indelével na memória.

Des Amis du Mouton Degustam Portentosos Vinhos de Collares.

Mestre RR não consegue esconder a emoção, diante de um 69.

Eu sempre me encantei pela região de Collares! E esse misto de curiosidade e encanto se inoculou em mim no Curso Básico da ABS-Rio, quando o Professor Ricardo Farias discorreu, em uma das suas belas aulas, sobre o flagelo da Phylloxera vastatrix, que, levada da América do Norte para a Europa, devastara os vinhedos daquele Continente e de outras plagas do Mundo... Mas a região de Collares ficara incólume ante o ímpeto implacável do terrível inseto. Plantadas em pé franco, em solo de areia, as raízes da vinha penetram muito profundamente, de modo que o pulgão não consegue se desenvolver.

Um "desfile" de bela cor do Moscatel Roxo nas taças.

De modo que fiquei assaz entusiasmado, quando o Professor Roberto Rodrigues anunciou que degustaríamos essas relíquias herdadas de Baco. A região de Collares conta uma vasta história: Trata-se da segunda região demarcada mais antiga de Portugal (1908)...O início do vinhedo de Collares vem dos remotos tempos  do Império Romano.  No entanto, foi o Rei Afonso III de Portugal (1255) quem ordenou o plantio da vinha naquela região, quando fez a doação do pequeno Reguengo de Collares. Assim, a gleba foi plantada com videiras trazidas da França.


Panorâmica da Grande Mesa de Degustação da ABS.

Collares é uma pequena região vinícola situada perto de Lisboa, no concelho de Sintra, circundando a Freguesia de Collares, entre a montanha e o mar. A região  é uma DOC e se estende ao longo da costa do Atlântico. As vinhas são protegidas por dunas de areia. A região produz tintos encorpados, de cor densa e bastante taninosos. A certificação da DOC Collares é dada pela Comissão Vitivinícola Regional de Bucelas, Carcavelos e Collares.


A Confreira Laura Cavallieri propõe um brinde ao Grupo.

Por causa dos fortes ventos vindos do Atlântico, as vinhas crescem sem condução, expandindo-se horizontalmente pelo solo. Para a proteção do vinhedo, as mesmas são cobertas por paliçada de cana. Por ocasião do crescimento dos cachos, os vinhateiros suspendem as ramas individualmente com astes de cana, de modo a não tocarem o solo, para evitar que apodreçam.


Seguida no Brinde pela Confreira Mélaine Rouge.

A principal Casta é a tinta Ramisco, que, em outras regiões, é praticamente inexistente. A Ramisco é muito ácida e tânica, resultando em vinhos com longo potencial de guarda. Essa Casta Tinta representa 80 % dos vinhedos, enquanto que a Casta Branca Malvasia, por outro lado, também representa 80 % das brancas nessa região.


O Confrade Michel Batista, que nos regalou com um Vinho.

No  mundo pós Philloxera, havia uma escassez de vinho enorme e Collares sorria triulfante, com os seus vinhedos a proliferar... Oferta e procura altas, sempre foram os ingredientes propícios para negócios rentáveis. Certamente deve ter havido uma época em que Collares alcançara uma trajetória ascendente,  para se tornar uma das mais proeminentes regiões vinícolas da Europa. Mas esse não seria o seu destino.


A confreira Carol Figueira, com Rodrigo Caldas e Oscar Daudt.

 A região passou da condição de quase o centro do mundo do vinho, para estar à beira da extinção em que se encontra hoje. E o motivo é obvio: É muito difícil, trabalhoso e caro se cultivar vinhas ali. É um trabalho demasiado árduo! A região sofre especulação imobiliária (expansão urbana de Lisboa), o que a tornou uma das menores regiões vinícolas de Portugal... Entretanto, depois que Portugal entrou para a UE, a Região voltou a crescer e hoje já há muitos vinhedos de enxertia, aumentando a área plantada de 20 a 30 ha., para 100 ha., nos últimos dez anos.


O "Desfilar das Garrafas" dos vinhos provados na noite.

Os Collares são vinhos de caráter único, pela especificidade do terroir presente na Região. Uma região caracterizada pela exposição a ventos salgados, nevoeiros matinais e solos arenosos com vinhas em pé franco.


Destaque para os dois Portentosos Collares.


Jaen 2013 DOC Dão, de Quinta da Alameda Santar, Portugal, Dão.
Eu$ 21,00 (exterior), RR = 86,0 e Grupo = 86,7.  Um belo exemplar 
dos novos vinhos do Dão com a casta Jaen. Ainda muito jovem.


Collares tinto 1999 DOC, de Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Portugal, Lisboa. Eu$ 19,00 (Exterior), RR = 88,0 e Grupo = 85,6. Exemplar tipico de um Collares. De vinhedos não muito velhos, o que o faz evoluir rápido.


Collares Reserva Tinto DOC 1969 (pé franco), de Viúva José Gomes da Silva & Filhos, Portugal, Lisboa. Eu$ 44,00 (Exterior), RR = 92,0 e Grupo = 88,3. Belo Collares de vinhas em pé franco e bem antigas. Pareceu-me ainda muito jovem (mais até do que seu primo degustado antes). Casta Ramisco.

Ao ataque, revela nítidos aromas defumados, mercaptano (que se desvanece com a evolução na taça); terroso (terra úmida) feno seco, pinho, "subois", carne assada, frutas secas, passificadas (cereja?), café, tabaco, groselha, romã...


Endre Yountville Napa Valley 2007, de Kapcsandy Family Winery, USA, Napa. (Extra, trazido por Michel), RR = 91,0 e Grupo = 90,9 com WS=90. Excelente corte bordalês de Yountville (Napa).

Lamentavelmente, esse vinho era falsificado: O Professor Roberto Rodrigues levou a garrafa para casa retirou o rótulo, como de costume, verificando que, por baixo do mesmo, havia outro rótulo. Mas o vinho que a garrafa continha era um vinho de qualidade, mascarando a fraude.


Excellent Moscatel Roxo DOC Setubal nv, de Quinta do Anjo, Portugal, Setubal. Eu$ 39,15 (Exterior), RR = 93,0 e Grupo = 94,5.Belo exemplar de Moscatel Roxo de um produtor desconhecido.

No Nariz, uma sinfonia de aromas de baunilha e caramelo...frutas secas, damasco seco, amêndoas, nozes, figo em compota, mel, alcaçuz... Na Boca, é doce, vivo, quase muito quente, redondo, encorpado e pouco tânico. Ainda se pode guardar por muitos e muitos anos (feito felicidade engarrafada!). 

RR explica que a Moscatel Roxo é uma mutação da Casta Moscatel, que é uma casta branca. somente é encontrada na Península de Setúbal

Principais Castas na DOC Moscatel de Setúbal:

Principal casta tinta: Moscatel Galego Roxo;
Principal casta branca: Moscatel de Setúbal (Moscatel Graúdo).

O Mesa de Baco agradece aos Confrades e Confreiras que trouxeram vinhos, em sua missão incansável de garimpar pelos porões das adegas do mundo a fora. Não poderia deixar de agradecer, também, ao Professor Roberto Rodrigues, que possui os créditos pela descrição dos vinhos, que destaquei em verde. Enfim, pela bela aula a nós ministrada, numa noite que nos ficará indelével na memória.

domingo, 12 de junho de 2016

Ragu de Cordeiro By Leonardo Carvalho

O Chefe Leonardo Carvalho em sua persistente Labuta.

Pois esse cordeiro já estava anunciado há algum tempo e continuava entupindo o freezer do Caputo. Depois que o Leonardo o foi buscar, continuou inerte abaixo do zero... Trazia à nossa lembrança a não menos prosaica estória do "Cordeiro Matusalém", que nos atraiu a atenção em outra confraria, a do saudoso Sabalipão.


Panorâmica do Salão, com uma parte dos Convivas.

Fiquei impressionado com o trabalho e a dedicação do Chef Léo: Às 4 horas da madrugada de sábado, retirou as Paletas do Freezer. Descongeladas, realizou um trabalho de chinês, tirando com uma faca as gorduras, aponeuroses, tendões e sebo, quisando a carne para o ragu. Quando eu cheguei, a grande panela já estava fervendo, com um belo caldo a borbulhar.


Amêndoas, para o acabamento do Prato de Entrada.

O Chef preparava as Amêndoas, torrando-as para finalizar a Entrada. Ficamos nos deleitando, observando a confecção dos Pratos... Afinal, na sua origem francesa , Ragu (ragoût) significa despertar o gosto, abrir o apetite : Léo ralou cenoura e cortou berinjelas em cubinhos e as acrescentou, respectivamente, no abundante caldo fervente, para engrossar o mesmo.


Deliciosa Entrada: Couscous Marroquino (caldo de bacalhau).

E os temperos... Ah, os temperos são o segredo do Chef... E aí se iniciou o "repas", sem hora para terminar, feito encontros de Galpão, nos pagos do Sul, de fogo de chão, onde o chimarrão inicia os trabalhos dos gaudérios.


A bela Entrada, para ser Harmonizada com um Vinho Branco.

Quanto à harmonização, tivemos surpresas, que não chegaram a empanar o brilho do jantar: O único vinho que casou com um Prato foi o Branco (com a Entrada). Os Tintos passaram longe sobre o Ragu, sobressaíram bastante em relação a este. Eu havia pensado em levar um Yellow Tail Shiraz (um ótimo e conhecido australiano, com suas especiarias)...


Paletas de Cordeiro, descongelando lentamente,

Mas preferi levar um bom portugûes do Douro, Lavradores de Feitoria Cheda Tinto 2012 (Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz), que comprei pela Loja EnoEventos, degustado mais para o final e que creio que pudesse ter chegado mais próximo de um casamento harmonioso com o Ragu. 


Ragu de Cordeiro engrossando o caldo, com berinjela.

Prato Principal: Ragu de Cordeiro com Polenta Mole.

O "Desfile das Garrafas": Exagero? Não para 7 h de Evento.

A ordem era a de cada Confrade ou Confreira levar uma garrafa de vinho. O Anfitrião contribuiu com o Portentoso Faustino I, da Adega da Casa.






Esse Jerez foi colocado pelo Léo, 
prá ver se harmonizaria.


Lavradores de Feitoria Cheda 2012, DOC Douro.


Agradecemos ao Leonardo e à Cristina, nossos incansáveis Anfitriões  pelo gentil convite, assim num ímpeto, na tarde de sábado, para uma noite assaz agradável e alegre, bem como ao Confrade João Luiz Caputo, pelo cordeiro presenteado.