domingo, 24 de maio de 2009

Des Amis du Mouton Degustam Vinhos do Ródano (Rhône) e do Sul da França.


Da Esquerda para a Direita, o Professor Roberto Rodrigues e os
Confrades Ubiracy Santana e Godofredo Duarte.

Ubiracy Santana, João Luiz Caputo e José Joaquim.

Caputo e Joaquim, orquestrando um entusiasmado e caloroso brinde.

A exposição da bela cor vermelha dos Caldos degustados, com a fileira de taças.



Nossa Confraria se reuniu, mais uma vez, na noite de 20 do corrente, dando sequência aos estudos dos Vinhos da França. Na oportunidade, degustamos, às cegas, ótimos exemplares do Rhône, do Sul da França e um vinho extra, de outro país, ofertado por um dos Confrades do Grupo.

Para os cumprimentos e as Boas Vindas, tivemos o excelente Espumante Salton Imperial, que nos deixou de alma lavada.

Como Introdução, o Professor Roberto Rodrigues discorreu um pouco sobre a Região em pauta e, em seguida, passou ao Serviço dos Caldos.

A vasta Região do Vale do Ródano é uma área de grandes contrastes. O Norte tem clima Continental clássico, com as quatro estações bem definidas, sendo os verões quentes e os invernos, bastante frios. Os terrenos são acidentados (solos de xisto), muito íngremes, o que impossibilita a mecanização das lavouras. Aqui, a Syrah encontra o seu habitat ideal.

O Belo Mapa foi "tomado emprestado" do Site da Academia do Vinho, à revelia do Confrade Carlos Arruda.

Já, no Sul, o clima é Mediterrâneo, onde os verões são quentes e secos, com invernos chuvosos (com boa adaptação para as cepas Grenache e Mouvèdre).

Os vinhedos seguem o curso do Ródano, desde a cidade de Vienne, em direção ao Sul, até Valence. No sentido do curso das águas, as OAC da margem esquerda são Côte Rotie, Condrieu, Châteu Grillet, St-Joseph, Cornas e St-Péray. Na margem oposta, ficam Hermitage e Crozes-Hermitage.

O "Rhône"segue um curso de mais ou menos cem km, até alcançar as OAC do Sul, que são Châteauneuf-du-Pape, Gigondas, Vacqueyras, Lirac e Tavel, nas proximidades de Avignon. Aqui, há distritos menos conhecidos, como Diois, Coteau du Tricastin, no Departamento de Drôme; Côtes de Vivarais, Côtes du Ventoux e Côtes du Lubéron (em Vaucluse).

A AOC Côte du Rhône - nome que também se emprega para designar o Vale do Rhône - é uma enorme área, com cerca de quarenta mil hectares de vinhedos genéricos. Já a Côte du Rhône Villages, onde as normas de produção são mais rigorosas, constitui-se numa região de maior prestígio que a Côte du Rhône genérica, com vinhos melhores. O distrito chega até o Norte do Ródano, mas é no Sul, que se encontra a melhor área.

No Norte, encontram-se vinhos são encorpados, carnudos, profundos e longevos, elaborados com as uvas Syrah (casta tinta única na região) e Viognier. Mas há outras brancas, como Marsanne e Roussanne, que produzem reduzido volume de vinhos brancos. Os mais prestigiados são os das regiões de Hermitage e Crozes-Hermitage.

Na Côte Rotie, até uns 20 % de Viognier podem ser misturados à Syrah para a elaboração de tintos.

Aqui, os vinhedos são plantados com estacas e as castas costumam ser misturadas em um mesmo plantio.

Em Châteauneuf-du-Pape ( Local onde ficava a residência de verão do Papa, construída no Século XIV, quando o papado se transferiu, provisoriamente, para Avignon) são permitidas treze castas tintas (Grenache Tinta, Syrah, Mourvèdre, Counoise, Vaccarèse, Terret Noir, Cinsaut, Muscardin...) e dez brancas, como Clairette, Grenache Blanc, Picpoul, Picardan, Bourboulenc e a Roussanne, dentre outras.

Não poderíamos deixar escapar a oportunidade de fazer uma referência ao misterioso vento Mistral, que sopra das montanhas dos Alpes, ao Norte, sobre a vasta região do Vale do Ródano, baixando, às vezes bruscamente, a temperatura. o que se constitui num importante fator climático sobre a viticultura local. A violência do Mistral pode destruir as treliças de condução, principalmente na primavera. Isso justifica a tradição de conduzir as vinhas na forma de arbustos ou com estacas. Mas também há efeitos benéficos desse vento sobre os vinhedos, pois o seu efeito seco, com a concomitante baixa da temperatura, ajuda a evitar doenças por fungos, como é o caso do oídio e do míldio, além de propiciar maior concentração à uvas antes da colheita.

Os Vinhedos do Sul da França são tão vastos, que merecem um capítulo à parte.

Passemos, então, aos aspectos técnicos dessa importante degustação, que despertou tanto interesse nos presentes.

Vinho 1 (V1), de bela cor vermelho-rubi escuro, com reflexos granada, brilhante e transparente.


No Exame Olfativo, o vinho mostrou-se franco, amplo, fragrante, mas com uma boa gama de aromas etéreos, com muita fruta e floral. Aromas de ameixa, cereja, violeta, hortelã, pele de salame, funcho, baunilha, tabaco, chocolate... No final, uma especiaria (cravo).


Na Avaliação Olfativa, o vinho se revelou bastante fino, para finíssimo, intenso e persistente, inclinando-se para muito persistente.


No Gustativo, vinho seco, sápido, equilibrado na alcoolicidade, com uma tendência para o quente, macio, pouco encorpado e com taninos equilibrados.


Na Avaliação dos Aromas de Boca, esse vinho se mostrou bastante equilibrado, com tendência para o harmônico, bastante fino, apontando para finíssimo, intenso, para muito intenso e persistente, a caminho do muito persistente.


O Vinho terminou bem, deixando a boca de limpa para enxuta e estava maduro.


Dei-lhe nota 88, sendo a Nota Média do Grupo de 84,40.


O Vinho 2 (V2) teve a mesma avaliação no Exame Visual que o V1, mas revelando leve opacidade.


No Olfativo, vinho franco, amplo, fragrante, com pequena tendência para o etéreo, sendo frutado e floral.


Aromas de frutas vermelhas, rosa, carne fresca sanguinolenta, alcatrão, ameixa fresca, cravo, coco queimado, louro...


Na avaliação da Qualidade, Intensidade e Persistência, o vinho se mostrou semelhante ao anterior, porém com um ponto a mais para a qualidade (na minha avaliação).


No Exame Gustativo, o vinho era seco e salgado, sápido, equilibrado, macio, de bom corpo para muito encorpado e com taninos equilibrados, com tendência paro o tânico.


Na Avaliação dos Aromas de Boca, o vinho se comportou de modo semelhante ao anterior, mas com dois pontos a mais no equilíbrio (com 15, na minha ficha).


Vinho que terminou bem, deixando a boca enxuta, com final salgado. Está pronto.


Atribui-lhe nota 91 e a Média do Grupo foi de 88.90.


O Vinho 3 (V3) era vermelho-granada escuro, com limpidez de muito límpido para brilhante, com leve opacidade e muito boa cor.


No Ex. Olfativo, vinho franco, amplo, fragrante, mas caminhando a passos largos para o etéreo, frutado e vegetal.


Aromas de doce de pera, especiarias, arruda(?), romã, figo seco, um tostado (café, madeira), bala de leite e, no final, nítido iodo.


Na Avaliação da Qualidade, Intensidade e Persistência olfativas, o vinho se mostrou semelhante ao V2, conforme as minhas impressões pessoais.


Na Boca, revelou-se um vinho seco, sápido, equilibrado, macio, com bom corpo e de taninos equilibrados.


Na Avaliação dos Aromas de Boca, o vinho era bastante equilibrado, com seta apontando para o harmônico, bastante fino, com seta apontando para o finíssimo, de intenso para muito intenso e de persistente, para muito persistente.


Termina bem, deixando a boca enxuta e estava maduro.


Minha Nota foi 89 e a nota Média do Grupo, 85,50.


A seguir, tivemos o Vinho Extra, colocado nessa posição por ser tinto:


Vinho 4 (V4), com Exame Visual semelhante ao V1.


Ex. Olfativo - Franco, amplo, fragrante, frutado e floral.


Aromas de baunilha, cereja, frutas vermelhas do bosque, chocolate, caramelo, hortelã, pimenta branca e um certo amanteigado.


Na Boca, o vinho era seco, de sápido para fresco, equilibrado, macio, de bom corpo e com taninos equilibrados.


Avaliação dos Aromas de Boca - Equilíbrio, com 14 pontos, Qualidade, com 15, Intensidade, com 14 e persistência aromática, com 11.


Termina bem, deixando a boca enxuta e estava pronto para beber.


Minha Nota foi de 90,00, sendo que a Md. do Grupo ficou em 87,80.


O Vinho 5 (V5) era de muito boa cor amarelo-ouro claro, brilhante e muito transparente.


No Olfativo, mostrou-se franco, amplo, fragrante, frutado e floral.


Aromas de flor de laranjeira, abacaxi em calda, lima, baunilha e mel (de laranjeira)... Amanteigado e algo mineral.


Na Avaliação da Qualidade, Intensidade e Persistência olfativas, este vinho teve o mesmo número de pontos dos vinhos 2 e 3, totalizando 21 pontos.


Na Boca, revelou-se um vinho doce, fresco, equilibrado, redondo, de bom corpo e carente de taninos, como todo vinho branco.


Avaliação dos Aromas de Boca - Equilíbrio, com 15 pontos, qualidade e intensidade, também com 15 e a persistência aromática, com 11.


O vinho terminou bem, deixando a boca limpa e estava pronto.


Minha Nota foi de 93 e a Média do Grupo, 91,00.


Feitas as cuidadosas avaliações e discussão pelo Grupo, as garrafas foram lentamente desvencilhadas da sua roupagem prateada (alumínio) e o mistério revelado:


V1 - Montjoie AOC Châteauneuf-du-Pape, 14 % Vol., safra 2006, servido a 18 graus Celsius, do Produtor Gabriel Liogier.


Elaborado com as castas Shyraz, Grenache, Mourvèdre, Cinsault, Vaccarèse e Muscardin.


Bela garrafa, com o brasão do papado francês, uma coroa.


V2 - Renaissance AOC Cornas, 13 % Vol., 2001, do Produtor A. Clape (Domaine Clape).


Vinho das uvas Shyraz e Viognier. Trata-se de um vinho rústico. Até me pareceu que tinha um defeito. É o exemplo de um vinho do Norte do Rhône (ou você gosta dele ou o odeia, se poderia dizer).


V3 - Château La Bastide AOC Corbières, 2004, 13,5 % Vol., do Produtor Guilhem Durand.


V4 - Nótios Peloponnisos 2005, 13 % Vol., do Produtor Gaia Wines S/A., Grécia, servido a 18 g. Celsius, um varietal da casta Agiorgitiko.


V5 - Muscat de Rivesaltes Vin Doux Naturel, safra 2000, 15,5 % Vol., do Produtor M. Chapoutier, servido a 8 g. Celsius. Elaborado com a uva Muscat.


Como se pode deduzir, tivemos mais um agradável e profícuo Encontro da Confraria Des Amis du Mouton, na Associação Brasileira de Sommeliers, aqui na Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro.













sábado, 9 de maio de 2009

A Confraria Des Amis du Mouton Degusta Vinhos da Borgonha.















Nosso Grupo de Degustação -A Confraria Des Amis du Mouton - voltou a se reunir, na última quarta-feira, na noite de seis do corrente, agora para degustar, às cegas, dois exelentes vinhos da Borgonha e um portentoso champagne.

Dessa feita, o Grupo operou com tres membros a menos. Por isso, não tivemos o vinho extra, que seria trazido e ofertado por um dos confrades ausentes.

Durante os trabalhos, Mestre Roberto Rodrigues discorreu um pouquinho sobre as diferenças da casta Pinot Noir da Borgonha e do Chile, por exemplo.

No Chile, as parreiras são todas do mesmo clone (todas da mesma idade), enquanto que, na Borgonha, além das diferenças do terroir, evidentemente, as plantas são de vários clones ou seja, as parreiras são de idades diferentes. Quando morre uma planta, o vinhateiro planta outra, de um clone diverso. Então, as plantas não têm a mesma idade... Este é um dos fatores que tornam o Pinot Noir da Borgonha um vinho diferente e único, tão propalado pelos quatro cantos do mundo.

A degustação transcorreu, como de praxe, de modo muito alegre e tranquilo, com tempo suficiente para se examinarem, cuidadosamente, os vinhos escalados para a ocasião.

Vamos aos Vinhos:

V1 - No Exame Visual, o Vinho número 1 (garrafa camuflada em lâmina de alumínio para culinária) se revelou com muito boa cor amarelo-palha escuro, com reflexos dourados, brilhante e muito transparente.

No Exame Olfativo, era franco, amplo, fragrante, frutado e floral, revelando aromas de lírio, flor de laranjeira, cítricos (lima, limão), fruta madura (pêssego), algo mineral e mel. Um discreto toque de baunilha (lembrando aromas de Pudim Flam Royal, uma denúncia à passagem por barrica de carvalho); especiaria, como pimenta branca e traços de malolática (amanteigado).

Vinho bastante fino, apontando para finíssimo, intenso e persistente, com seta virada para muito persistente.

No Exame Gustativo, o vinho se revelou como seco e salgado, fresco, equilibrado na alcoolicidade, macio, pouco encorpado, apontando para um bom corpo e carente de taninos, como todo vinho branco.

Nos Aromas de Boca, o vinho se mostrou bastante equilibrado, quase harmônico, bastante fino, com seta para finíssimo, intenso, com seta para muito intenso e persistente, apontando para muito persistente.

O vinho terminou bem, deixando a boca fresca e estava pronto para ser saboreado.

Realmente, tratava-se de um excelente vinho, que recebeu a nota Média do Grupo de 90,4 pontos.

V2 - No Exame Visual, o Vinho número 2 era de muito boa cor vermelho-rubi escuro, com reflexos granada, brilhante e transparente.

Exame Olfativo: Vinho franco, amplo, fragrante, mas já revelando aromas etéreos, frutado e floral.

Aromas de frutas vermelhas, como morango, framboesa e cereja; baunilha, tâmara seca, caramelo, uva-passa, pele de salame, além de um aroma que lembra "cheiro de bode". Agradáveis Aromas lembrando cinzeiro e especiarias, como cravo, canela, pimenta-do-reino e alcaçuz.

Na Avaliação Olfativa, revelou-se bastante fino, apontando para finíssimo, muito intenso e de persiste, para muito persistente.

No Gustativo, tivemos um vinho seco, sápido, equilibrado, macio, de bom corpo para muito encorpado e com tanicidade de equilibrada para muito tânica.

Aromas de Boca: Um vinho bastante equilibrado, quase harmônico, bastante fino, para finíssimo, de intenso, para muito intenso e muito persistente.

O vinho terminou bem, deixando a boca enxuta e estava pronto para beber.

Tratava-se de um portentoso vinho, que recebeu a nota Média do Grupo de 93 pontos. A minha nota foi de 95 pontos. Resta a pergunta: A do Mago Robert Parker seria de quanto?

Para o final, nos aguardava uma generosa surpresa, um Champagne, de bela cor amarelo-ouro, que passou por quase todos os itens do Exame, recebendo a avaliação de MB (muito bom).

Um Complexo Aromático explosivo, revelando avelãs, amêndoas torradas, leveduras, casca de laranja cristalizada,,, Frutas, como maçã em calda e um discreto aroma de café.

Este excelente Champagne recebeu a nota Média do Grupo de 96 pontos. Jancis Robinson daria essa nota?

Muita apreciação, conforme revelam as fotos da degustação, que falam por si mesmas... É chegada a hora da revelação dos caldos e a fina camada de alumínio foi retirada de cada garrafa, vagarosamente.

Eis os Vinhos:

V1 - Puligny-Montrachet Première Cru 2005, 13 % Vol. - Les Champs Gain - Produzido pelo Château de Citeaux, servido à temperatura de 6 Graus Celsius.

V2 - Echézeaux Grand Cru 2004, 13,5 % Vol., do produtor Louis Jadot (Domaine Gagey), servido a 14 Graus Celsius, sendo a temperatura ambiente de 22 g. Celsius.

V3 - Champagne Legras & Haas Cuvée Prestige Grand Cru (Vieilles Vignes).

Havia um quarto vinho, que também aparece numa das fotos da degustação, mas que não foi degustado, porque o Grupo estava em menor número e o vinho tem 40 % Vol de álcool. Trata-se do Marc de Champagne Réserve des Caves, Billecart Salmon (Mareuil-sur-Ay - Marne -France).

Ficou para ser degustado dentro de 30 dias, quando se espera que o Grupo compareça em peso. Confesso que não sou muito de destilados, mas fiquei curioso, como muitos dos Confrades e leitores, para saborear esse Marc.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A Confraria do Camarão Magro se Reúne em Preparativos para a II Viagem Internacional

Da
esquerda para a Direita,
Aguinaldo Aldighieri, Gioia
Luiz Matos.







Gioia, Anna Norberta e
Da. Ângela.








Uma visão Panorâmica do
Espaço Cozinhando com Gioia,
com o Confrade William concen-
trado nos trabalhos.









Os Amáveis e Animados
Anfitriões, Heloísa e José
Flávio Gioia.









Desta vez, a Confraria reuniu um grupo menor, composto pelos membros que viajarão à Espanha, nesse início de maio. Fomos amavelmente recebidos no confortável e aconchegante "Espaço Cozinhando com Gioia", lugar já consagrado pela enogastronomia carioca, na residência dos Gioia (o casal José Flávio e Heloísa), na Barra da Tijuca, aqui no Rio de Janeiro. A finalidada da Reunião foi no sentido de examinar os detalhes do roteiro escolhido para essa magnífica viagem às Terras de Dom Quixote de La Mancha, "el caballero de la triste figura", como diria o saudoso Miguel de Cervantes.

Para acompanhar os vinhos, foram servidas umas "tapas". Mas, afinal, o que são "tapas"?

“Tapas” é a denominação dada a uma enorme variedade de “aperitivos” e entradas, na culinária espanhola, que podem ser frias (como uma mistura de azeite extra-virgem com queijos, legumes cozidos e conservas, salames, “jamón”, pães, nacos de queijos, etc.) ou quentes, cruas ou cozidas. São perfeitas para animar uma conversa, acompanhado uma taça de vinho ou Jerez, muito apreciadas pelos espanhóis, na volta do trabalho para casa, ou quando saem para comer fora de casa ou recebem visitas.

Trata-se de costume que remonta a tempos imemoráveis, havendo controvérsias sobre a sua origem. Uma das mais aceitas traz à baila o Rei Alfonso X, O Sábio, de Castela e Leão, o mesmo cuja vasta e fértil biografia remete às famosas Cantigas de Santa Maria, um conjunto de obras musicais que deixou um legado, em galego-português, de 427 partituras (Séc. XIII) e cuja autoria lhe é atribuída, na maior parte. Pois esse Rei, segundo conta a história, depois de passar por problemas de saúde, em que fazia acompanhar o vinho de diversos tipos de “comidinhas” e tendo ficado curado, começou a se preocupar com o povo, resolvendo decretar que todas as tavernas fizessem acompanhar o vinho e o jerez dessas mesmas iguarias.

Realmente, essa é uma prática consagrada de saúde, pois o alimento protege o fígado de uma possível esteatose (acumulação de gordura nos hepatócitos) e posterior cirrose hepática, doença grave que está associada ao consumo de álcool, principalmente de destilados, sem critérios.

Essa é a explicação histórica, mas devemos assinalar que a palavra “tapa” vem de tapar. Assim, o costume poderá ter surgido pela necessidade de cobrir (tapar) a taça da bebida com um naco de “jamón”ou uma fatia de queijo ou pão, para evitar que caíssem impurezas ou insetos no precioso líquido.