sexta-feira, 27 de março de 2009

A Confraria Des Amis du Mouton, Reunida na ABS-Rio, Degusta Vinhos da Alsácia e um Tinto do Peru!

Lembrei-me, nesta noite, do nosso Professor Célio Alzer: Após degustação de vinhos brancos, durante uma aula em um dos cursos da ABS, fui comentar algo com ele e lhe disse que não dava preferência aos vinhos brancos... Então, ele me olhou, por trás daqueles óculos de lentes redondas, segurou com a mão esquerda o suspensório, levantou tenuamente o supercílio direito e respondeu: - "Você não sabe o que está perdendo!"...

Achei aquele gesto muito didático, valendo por mil palavras e, daí em diante, passei a prestar mais atenção aos vinhos brancos e confesso que me tenho surpreendido.










O Evento aconteceu na última quarta-feira, 25 do corrente, contando o Grupo com quatro novos Membros. O Professor Roberto Rodrigues nos brindou com Quatros Vinhos da Alsácia e uma rica novidade, um tinto trazido do Peru, em recente viagem feita pelo Confrade Godofredo Duarte. Como Introdução, Mestre Roberto discorreu brevemente sobre a Região. O importante Rio Ill nasce no Jura alsaciano e, nos seus 208 km de extensão, banha a Planície da Alsácia, desaguando no Reno, em Estrasburgo. Como espinha dorsal, temos a proximidade com os Montes Voges, que separa a Alsácia da Lorena, servindo de elemento regulador para o microclima da região. Temos ali duas importantes cidades, Estrasburgo e Colmar. Esse território tem quatro séculos de disputa entre a França e a Alemanha, tendo início na anexação alemã em consequência da guerra francoprussiana, em 1871. Depois, a França retomou o território, seguindo-se à I Grande Guerra, em 1918; a última ocupação germânica ocorreu durante a II Guerra Mundial, de 1939 a 1945. Partindo-se de Estrasburgo, em direção a Colmar, atravessam-se aproximadamente sessenta cidadezinhas ou vilas, pouco populosas. Os grandes vinhos da Alsácia são brancos. Mas há tintos, quase que unicamente de Pinot Noir, mas são caros e ruins. A Pinot Noir é importante para a elaboração do Crémant d'Alsace. As uvas brancas são a Gewürztraminer, a Riesling, a Silvaner, a Pinot Gris e a Muscat Blanc à Petit Grains. Na Alsácia, ao contrário das outras regiões da França, costuma-se colocar o nome da casta nos rótulos, quando a mesma predomina acima de 80 % . A Legislação estabeleceu as denominações: Vin d'Alsace, Edelzwicker, Alsace Grand Cru, Vendange Tardive e Sélection de Grains Nobles e, por último, Crémant d'Alsace. No caso do Grand Cru, é necessário colocar no rótulo, também, no nome do vinhedo de origem. Se se elabora o vinho de um só vinhedo de bom terroir, este pode ser lançado como Grand Cru. A seguir, descreverei os vinhos degustados.

Os vinhos foram degustados às cegas, numerados de 1 a 4 (os alsacianos) e, no final, o tinto:

I - Exame Visual - Os dois primeiros vinhos tinham cores semelhantes, muito boas, amarelopalha claro, com reflexos dourados. Eram brilhantes e muito transparentes, recebendo a nota máxima, de 16 pontos.

Os dois últimos (brancos) também apresentavam cores muito boas e semelhantes, sendo o vinho 3 amarelo-ouro escuro e 4, amarelo-ouro claro. Cada um ganhou 16 pontos na avaliação.

II - Exame Olfativo - Todos se mostraram francos, amplos, frangrantes, sendo que o v2 já apresentava uma tendência para o etéreo e os vinhos 3 e 4 revelaram nítidos aromas etéreos (mais evidentes no vinho 3; frutados e florais. Na avaliação da Qualidade Olfativa, todos se mostraram bastante finos para finíssimos, intensos para muito intensos e persistentes, para muito persistentes(atribuí-lhes os pontos de 21, 21,5).

Os Descritores Aromáticos para o Vinho 1, foram flores, como laranjeira e frutas, como pêssego, lima e melão. Algo mineral... Agradáveis aromas de mel e, para alguns, uma suspeita de maracujá.

Já o vinho 2 apresentava mais intensos aromas minerais, como querosene de aviação e um aroma floras de lírio, além de frutas.

O vinho 3, mais evoluído que os demais, revelava aromas de frutas em compota, frutas secas, damasco, marmelo maduro, doce de abóbora, frutas cristalizadas, maçãs secas, mel, alcaçuz, sementes, louro seco, cogumelo e evidente aroma mineral, como de óleo diesel.
O vinho 4 revelava muita especiaria, como cravo, aniz estrelado, mentol, cardamomo; bala de abacaxi, recheio de bala de mel, recheio de bala de leite, caldo de cana e deliciosos aromas de lichia.

III - Exame Gustativo - Todos eram secos, com exceção do vinho 4, que era suave. Eram vinhos frescos na acidez e equilibrados no álcool, sendo o 1 e o 3, macios para redondos e o v4, já redondo. Os v1 e o v2 eram pouco encorpados e os outros dois tinham bom corpo. Como todo branco, eram carentes de taninos.

IV - Na Avaliação dos Aromas de Boca, todos eles se mostraram bastante equilibrados, para harmônicos, bastante finos, para finíssimos, intensos, para muito intensos e persistentes, para muito persistentes.

Todos os vinhos terminaram bem, deixando a boca fresca, sendo que o v3 deixava a boca de fresca, para limpa. Os dois primeiros estavam Prontos, o terceiro estava Maduro e o quarto, de Pronto para Maduro.

A Média das Notas do Grupo foi:

V1 = 89,00; V2 = 90,80; V3 = 92,80; V4 = 91,20.

Quanto ao Vinho Tinto gentilmente ofertado pelo Confrade Godofredo, realmente foi uma deliciosa surpresa. De um belo e intenso rubi escuro, revelava reflexos granada. Cor muito boa, brilhabte e de transparência Regular.

No Nariz, mostrou-se franco, amplo, fragrante, frutado, floral e vegetal. Aromas de cravo, cereja madura, carvalho americano, cravo, mentol, café, tabaco, baunilha, alcaçuz, chocolate e pimenta.

Na boca, era um vinho seco, sápido, equilibrado, macio, de bom corpo e equilibrado nos taninos.

Nos Aromas de Boca, revelou-se bastante equilibrado, para harmônico, bastante fino, para finíssimo, intenso, para muito intenso e persistente, para m. persistente. Terminou bem, deixando a boca Enxuta e estava Pronto. Passou 12 me. em barricas de carvalho americano.

Recebeu a nota média de 89,80.

Chegada a essa altura, tiramos os invólucros aluminizados das garrafas:

V1 - Pinot Gris Beblenheim, 13 % Vol., safra 2004, do Produtor Domaine Marcel Deiss, servido à temperatura de 10 graus Celsius;

V2 - Riesling Grand Cru Kessler, 13 % Vol., 2005, do Domaine Schlumberger, servido a 11 g. Celsius;

V3 - Riesling Grand Cru Schlossberg 1996, 13 % Vol., do Domaine Weinbach(Clos des Capucins), servido a 12 g. Celsius ;

V4 - Gewürztraminer Vieilles Vignes (AOC Alsace) 1999, 12,5 % Vol., de Arthur Metz, servido a 9 g. Celsius.

E o tinto: Picasso Tempranillo Crianza 2006, 13 % Vol., da Bodega Vista Alegre, Peru, cuja temp. de serv. não foi por mim anotada.
Em suma, foi uma noite muito agradável e rica de aprendizado e de sensações.

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