sábado, 27 de março de 2010

VIII ENCONTRO DA CONFRARIA DO CAMARÃO MAGRO, NA CAVE DO SOL


Mestre Edgar Kavasaki, Veterano do Clube do Espumante...



Isabel, aprendendo o Sabrage, sob a Supervisão do Confrade Gioia.



Kavasaki, ensinando a Grace Caxiano a arte do Sabrage.



As Rolhas dos Espumantes degustados, comportadamente
perfiladas, após o Sabrage.



A Grande Mesa, posta com esmero, à espera dos convivas
que ainda degustavam os últimos Espumantes.



Um detalhe do Motivo do Repas, com um delicado artesanato
maranhense (Bumba-meu-boi).


A deliciosa Entrada - Uma Casquinha de Caranguejo com farinha do
Nordeste, de leve sabor amanteigado, que já preparou a boca para...


Panorâmica de uma das mesas, com o Presidente da Confraria, à época,
Aguinaldo Aldighieri (de camisa branca).


Os Confrades ovacionando o Presidente, vendo-se, da Esq. para a Dir.,
Aguinaldo, Kavasaki, Bené Mendonça (Nosso Anfitrião), Daniel Acylino
(Atual Presidente) e José Flávio Gioia.


Os Chefs Ricardo Gullo e Denise Linhares, após explanação
sobre a exuberante Culinária Maranhense e ao receber os
merecidos cumprimentos do Grupo.

Mais uma vez se reuniu a nossa confraria, "au grand complet", agora na Pousada Cave do Sol, na Praia
do Boqueirão, em São Pedro D' Aldeia, onde as águas da Lagoa de Araruama se despejam no Canal de Cabo Frio. Pois foi ali que o nosso Confrade Bené, junto com sua mulher Denise, construíram esse ninho de afeto, que gentilmente compartilham com o "Grupo do Camarão Magro".

De fato, a Pousada foi construída com muita sensibilidade e respeito à Natureza, nela se inserindo de modo harmonioso e discreto, com sua estrutura arquitetônica em madeira, toda ela trazida em toras, das distantes terras do Maranhão. Foi preservada a vegetação natural e cercada de flores e outras plantas
ornamentais. Além das confortáveis suítes, conta com ótimas instalações para o lazer, com piscina, sauna e
área para churrasco. Na parte contígua ao restaurante, estende-se uma pérgula em madeira, com mesas e árvores nativas, onde se pode ficar desfrutando de uma boa conversa, degustando vinhos e admirando a bela vista da Lagoa, que se perde no horizonte, dando a impressão de uma imensa baía, se abrindo para o mar.

Destaque especial se deve à Adega, que se situa na parte inferior da construção, justamente onde havia
uma grande pedra, depois escavada para abrigá-la. Compõe-se de cava climatizada, propriamente dita, com cerca de 1200 garrafas de vinho e de uma sala aparelhada para degustações, com uma mesa central de
madeira rústica, criativamente decorada. Há um Relógio, que se movimenta no sentido antihorário, cuja finalidade é a de aquilatar a alcoolemia dos Convivas.




Enfim, nosso encontro se deu no período de 2 a 4 de setembro último, nesse cantinho do paraíso, lugar
que nos incita os instintos para os pecados da gula e da carne e, ao mesmo tempo, nos convida à mais
profunda reflexão e prazeroso convívio com os amigos...

Terei que entrar logo no tema principal, pois já me alongo demais: Na sexta-feira, não estive presente, mas foram degustados os seguintes vinhos:

Três garrafas de Cave Geisse Brut, três garrafas de Valduga "130 anos" Especial Brut, três garrafas de
Canepa Chardonnay e três garrafas de Tarapacá Lait Harvest. Os pratos foram: De Entrada, Creme de Ostras ou Torta de Camarão e o Prato Principal, Caldeirada de Camarão, acompanhado de pirão e arroz branco.

Já no Sábado, foi que os Chefes Denise Linhares (anfitriã , maranhense ) e Ricardo Gullo puderam expressar o seu real potencial. Antes, porém, na beira da piscina, entre mergulhos e sessões de sabrage,
brindamos com Marson Méthode Tradicionelle Espumante Brut ( Selo Challenge International du Vin France2003 - Medalhe d'or ), que estava de acordo com o que se fazia esperar do rótulo.

Almoço Típico das Terras do Maranhão, composto por:

1 - Entrada - Casquinha de Caranguejo com farinha do Nordeste, de leve sabor amanteigado.

Vinho Albamar - William Cole Vineyards - 2003, 13 % Vol.- Central Valley, Chile, Sauvignon Blanc 65% e Chardonnay, 35%. Muito boa cor amarelo-palha, com discretos reflexos verdeais, brilhante e muito transparente. Frutado, aromático, predominando os aromas de jasmim. Na boca, frutas frescas e mel, da
chardonnay. No fim-de-boca, maracujá em musse. Vinho fresco, vivo, quase nervoso, deixando a boca fresca. Feliz harmonização com essa entrada.

2 - Prato Principal: Filé de Peixe à Chico Noca, com Cuchá, Arroz Branco e farofa de Camarão.
Pescada Amarela do Maranhão, untada com manteiga e urucum e grelhada.

Pasta de Cuchá, para quem não conhece, é feita de uma planta que, no Rio de Janeiro, é conhecida por
Azedinha ou Vinagreira, misturada com camarão seco e gergelim.

Devemos comer o peixe e o arroz com a pasta de cuchá, para que tenhamos o tom regional do prato, em
sua plenitude.

Acompanhou o Viognier 2004, 13 % Vol. - Alto Valle Del Rio Negro, Patagônia, de Humberto Canale,
vinho amarelo-verdoso com reflexos prateados, de média intensidade, varietal, fino, intenso e complexo,
frutado e floral. Em repouso, na taça, aromas cítricos, de pele de laranja e chá de jasmim;
girando-se a taça, explodem os aromas de frutas, como abacaxi, pêssego e maçãs verdes.

Esse vinho, realmente, se revelou numa feliz harmonização, que só mesmo o nosso "Mago"Edgar
Kavasaki poderia obter. Como sempre, em nossos encontros, ele nos homenageia com uma verdadeira aula
de Eno-Gastronomia. E nos disse, divertindo-se: - Aromas exóticos, só no Maranhão e no Japão. São
aromas difíceis de combinar. Mas a Enogastronomia é empirismo puro, isto é, tentativa e erro". E, assim,
Kavasaki vai experimentando... Primeiro, ele tentou com o torrontês. Não deu certo!... Este permanecia
muito tempo na boca, encobrindo o sabor do prato. Daí, o Viognier, que arredondou na boca, equilibrando
tudo...

Com Arroz de Cuchá, é difícil de harmonizar, pois, no Maranhão, eles não tiram o excesso de sal do camarão seco ( o que desarmoniza ). Chefe Denise, então, tirou bem o sal e deixou no ponto.

3 - Sobremesa: Bacuri Brulée -

Bacuri é uma frutinha de polpa doce no início, azedinha no final, de textura parecida com o cupuaçu.
Denise nos apresentou uma forma inusitada desta fruta, muito conhecida em São Luís. Pois foi assim que veio um Bacuri com clara em neve ( maçaricado ), com uma singela fatia de morango, para enfeitar. "tudo trazido de lá...".

Aqui, o Grupo contou com a não menos hábil mão do nosso Presidente, Agnaldo Aldighieri, que escolheu o
Vinho Anselmann 2003 er - Gewürztraminer - Spätlese 12,5% Vol. - Pfalz, com Selo: "Sélections Mondiales des Vins Montreal, Medaille D'Argent 2004"- Qualitätswein mit Prädikat - Product of Germany (Gebrüder Anselmann GMBH ). Elegante vinho, muito aromático ( predominando aromas de lichia ) e
frutado, vivo e jovial. Apesar de a gewürztraminer haver perdido um pouco a fruta para o bacuri, que tem
um aroma levemente lácteo, o vinho foi uma boa escolha e se casou de modo agradável com o doce.

Realmente, havemos de convir que não é nada fácil harmonização com frutas do Norte, como jenipapo, açaí, buriti e cupuaçu.

Na noite de sábado, ainda com a alcoolemia a menos de um terço, o incansável Grupo se deparou com
um lauto Queijos & Vinhos.

Além do Principal, aqui tivemos deliciosos pães, com destaque para o Pão de Nozes, da Confeitaria Beira
Mar, de Niterói e maçãs verdes cortadas em finas fatias, para limpar a boca.

Queijo Tilset ( Witmarsun - Palmeira, Paraná ), com Vinho High Altitude - Escorihuela Gascón 2003, 13
% Vol., 70 % Malbec e 30 % Shiraz - Mendoza ( Vinhedos em Agrilo de La Consulta, 950 m de altit. ). Vinho muito estruturado, que passou em barrica de carvalho. É de um clima estilo mediterrâneo temperado, com verões longos.

Esse queijo, de ótima qualidade, explodiu em aromas! Persistiu o sabor do queijo. A iguaria saiu na frente e, só depois do terceiro gole do vinho, é que harmonizou. Como persistia o sabor do queijo, Kavasaki nos instou a limpar a boca com a maçã verde.

O vinho seguinte foi o mesmo, a meu ver melhor do que o primeiro, porém das uvas Malbec, 65 % e Cabernet Sauvignon, 35 %, com Queijo Reblochon.

Queijo com autênticos aromas de chulé. Lembra o Queijo da Serra da Estrela Curado, Portugal. Constitui-se num bom casamento, mas melhorou, quando o confrade José Flávio Gioia propôs que colocássemos uma porção menor de queijo na boca e, a seguir, uma maior quantidade do vinho. Lance de Mestre, detalhe pequeno, mas com grande resultado.

O Reblochon, segundo a minha experiência, não harmonizou bem com o primeiro vinho, High Altitude. O
queijo desapareceu!...

Queijo Frescal de Cabra ("O melhor do Brasil", segundo Kavasaki ), com limão siciliano ralado e azeite de oliva. Trata-se de um queijo minas, elaborado com leite de cabra. Estava muito perfumado e, por isso, Kavasaki resolveu usar a técnica de colocar um pouco de azeite, para dar uma equilibrada. Acompanhou o Vinho Crios ( de Susana Balbo ) - Torrontês de Cafayate - Argentina - safra 2005, 13,5 % Vol. É um ótimo torrontês, bastante aromático, frutado e floral, em que se destacam os aromas de rosas e, de modo sutil, também os de maracujá.

E, por último, o Queijo Camambleu, numa harmonização clássica com Porto Vintage Caracter (acima do Ruby, em qualidade ), vinho com um toque de ameixa doce. Dispensa comentários...

Porto Burmester Reserve - Sotto Voce (expressão italiana que significa murmúrio, segundo informação do
Aldighieri ), 20 % Vol.

Após essa verdadeira libação epicurista, ficamos, muitos de nós, reunidos em torno da enorme mesa, adentrados na cálida madrugada, inclusive agraciados pela companhia da nossa incansável anfitriã Denise,
ocupados com uma agradável conversa e empenhados na árdua tarefa de continuar degustando os vinhos que ainda resistiam.

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