sábado, 8 de setembro de 2012

Encontro Des Amis du Mouton: Bons Amigos, Bons Vinhos e Uma Retumbante Decepção.

Professor Roberto Rodrigues e Márcia Parente: Na indefectível foto de Abertura..

Lembro-me vagamente que a "maioridade" para se provar vinho, no Rio Grande do Sul, era em torno dos cinco, seis anos de idade. Antes das refeições, o Patriarca se encaminhava para o galpão (celeiro) e, empunhando uma jarra grande, se dirigia a um cavalete  de paus aplainados que sustentava uma pipa de capacidade de  dezenas de litros e a colocava estrategicamente sob uma torneira de madeira.


Márcio Monteiro, novo Monitor da ABS-Rio e  o Confrade Leonardo Carvalho.

A grande jarra vinha para a mesa, exalando aromas vinosos, aromas de cantina. Dela era vertido um vinho muito vermelho, cor de sangue arterial... As taças eram servidas e, para os menores, o vinho era cortado ao meio com água, ficando dilúido. Serviam apenas poucos ml na taça da pobre criança. Pode parecer cruel, mas não deixava de ser um incentivo e a promessa de tempos melhores para quando a vida adulta chegasse... O Vinho deixava as taças manchadas de anilina e era sorvido em gemidos, os olhos fechados. Hum, huum, huuum!... Esse vinho tem o gosto da uva!


Godofredo Duarte e Lourdes (nossa visitante): Brinde ao Márcio.

Os comentários dos adultos eram cheios de entusiasmo: Esse vinho é muito bom e exclusivo! É de um colono, um gringo lá da Serra,  que só faz vinho para consumo próprio e para  uns poucos amigos, cedendo alguns garrafões ou pipas. Ele amassa as uvas com os pés...


A Téchica não fica de lado: João Luiz Caputo em acurado exame visual do Vinho.

Pois Confrade Amigo, nesta noite inefável, que guardarei para sempre em minha mais recôndita memória, me foi dado evocar essas distantes reminiscências da minha  mais tenra infância. Tudo ficará mais claro adiante, quando o vinho extra da noite for aberto, cheirado, provado e relegado às taças, quase que inteiramente.


Avondale Rosé 2009, de Avondale, África do Sul.

"Notas: RR = 84,0 e média = 86,5 Um bom Rosé para fim de tarde (sem comida). Corte de Muscat de Frontignan (84%) e Mourvèdre(16%)".


                 Drius Friulano 2010 DOC Isonzo del Friuli, de Mauro Drius, Itália, Friuli. 

Agradáveis eflúvios de flores brancas, como lírio e flor de laranjeira, mel, guaraná, limão siciliano, lima, damasco, queijo, doce de laranha e algo mineral (pedra de isqueiro). Vinho trazido diretamente do Friuli, por Ada Regina Freira, em sua visita anual à ABS e gentilmente agraciado ao amigo Roberto Rodrigues. "Notas; RR = 89,0 e média = 90,0. Excelente exemplar da casta Friulano. Com qualidade de complexidade. Muito interessante".


Riesling Glaswein Gravels Vineyard 2009, de Craggy Range, N. Zelândia, Waipara. 

"Notas: RR = 87,0 e média = 88,7. Um bom Riesling do novo mundo, porém um pouco caro. Açúcar residual alto; bom para comida Thai. Craggy Range é considera pelo Robert Parker o melhor produtor da Nova Zelândia".


Syrah 2009 IGT Sicilia, de Dei Principi di Spadafora, Itália, Sicilia. 

"Notas: RR = 84,0 e média = 86,6. Decepcionante".


        Le Sol Gimblett Gravels 2009 (Syrah), de Craggy Range, N. Zelândia, Hawkes Bay,.

Aromas de Baunilha, violeta, frutas vermelhas, como cassis, amora, coco queimado, caramelo, pimenta, café, tabaco, chocolate doce... "Pontuação: RR = 90,0 e média = 90,6. Um bom Syrah, porém muito caro para o que apresenta. Pode melhorar".



          Prelúdio 2007, de Vinha Solo / Marco Danielli, Brasil, Campos de Cima da Serra.

"(Mais de cem reais - levado pelo Caputo), Notas: RR = 74,0 e média = 78,0 Um dos piores vinhos que degustei ultimamente, não pagaria nem dez reais por ele. A nota alta (74) foi devida à intensidade e persistência em  boca: de uma coisa muito ruim, que de longe lembra vinho. Apesar de dizer que não usa conservantes, apresentou enxofre em excesso. Borra também em excesso para vinho de cinco anos. Taninos agressivos e ruins. O produtor é um marketeiro e um verdadeiro "engana enófilo" iniciante. Pronto, publiquei!..."


Matilda Plains Cabernet-Merlot 2010, de Bremerton (Família Wilson) , 
Austrália, South Australia (Langhorne Creek).

Trata-se do segundo vinho a nós agraciado por João Luiz Caputo, que acompanhou bem os friambres e pães servidos ao final da degustação, como é de costume.


Queijos Brie e de Cabra, para acompanhar o Encerramento. dos Trabalhos.

Os créditos pelas observações a respeito dos vinhos pertencem ao Professor Roberto Rodrigues. a quem agradeço.

Um comentário:

  1. Caro amigo,
    Como poetisa e amiga íntima de Baco, adorei o seu texto "Encontro Des Amis du Mouton" em que narra a idade ideal para se beber vinho! Não poderia deixar de comentar porque, além de muitíssimo bem escrito, lembrou-me um momento excepcional, há muitos anos, em que bebi minha primeira taça de vinho e, desde então, apaixonei-me por ele.
    Parabéns!
    Abraços,
    Maria Tomasia Middendorf

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