segunda-feira, 1 de março de 2010

XXVIII Encontro da Confraria do Camarão Magro - Grand Cru de Ipanema

Como na Bíblia Sagrada (Livro do Genesis), "depois de sete anos de vacas magras", eis que a nossa Confraria se reúne, novamente, agora na Grand Cru de Ipanema, com a presença de trinta e três Confrades, entre membros e convidados. O nosso
Encontro aconteceu no sábado, dia 6 do mês em curso. Vamos aos Caldos degustados.

ESPUMANTE MARSON BRUT CHAMPENOISE


Produtor: Cave Marson Vinhos e Espumantes, Cotiporã, Serra Gaúcha. Teve início em 1887 com a chegada da Itália dos primeiros membros da família a Cotiporã, com o conceito de seu fundador: “Vinho é sinônimo de alegria, emoção, paciência e honestidade”.


Método de produção: Champenoise - Elaboração do vinho base, engarrafamento e refermentação do vinho em garrafas de espumante; temperatura controlada na cave, ocorrendo autólise de leveduras, remuage em pupitres, dégorgement, arrolhamento e rotulagem.

Uvas: Chardonnay (85%) e Pinot Noir (15%). As uvas foram colhidas de parreiras conduzidas pelo sistema espaldeira alta densidade.

Visual: Amarelo palha delicado, com perlage intensa, mínima e constante.

Paladar: É sóbrio na boca, bastante seco, com acidez aparente, bem casada com o estilo. Frescor e cremosidade na medida certa. Boa permanência.

Teor Alcoólico: 12%.

Harmonização: Apropriado para todos os momentos; é o único vinho que acompanha todos os pratos, desde a entrada até a sobremesa.

Temperatura de Serviço: 6°C.

SAINT CLAIR VICAR’S CHOICE 2009 -



Produtor: Saint Clair Family State Winery, Marlborough, Nova Zelândia. Considerado Winemaker of the Year 2008 no London International Wine Challenge e Best New Zealand Wine Producer of the Year of 2008.

Uvas: 100% Sauvignon Blanc, colhidas manualmente ao anoitecer para preservar o frescor e qualidade, prensadas levemente e fermentadas em cubas de inox.

Visual: Amarelo palha.

Paladar: Vinho leve, seco, fresco, com os sabores típicos de Marlborough, maracujá ("passion fruit"), groselha e grapefruit, que combinam com um agradável mineral e notas de ervas, com um final longo e persistente. Destaque para o intenso e agradável aroma de goiaba ainda não madura, no início, e de pera, no final.

Dados Gerais: Teor alcoólico: 13%; Açúcar residual: 3,4 gramas/litro; PH: 3,28.

Harmonização: Frutos do mar, aves, saladas e cozinha vegetariana.

Temperatura de Serviço: 6°C.


ENATE CRIANZA 2005



Produtor: ENATE – Viñedos y Crianza del Alto Aragon S.A., vinícola situada em Salas Bajas (Província de Huelca), Somontano (ao pé da montanha – Pirineus, no caso). DOC, Espanha. A ENATE se define como uma vinícola do Século XXI, uma ascética e funcional casa para o vinho, que nada tem a ver com o mofo e a umidade de antigamente.

Uvas: Tempranillo (70%) e Cabernet Sauvignon (30%).

Maturação: 9 meses em barricas de carvalho e 18 meses na garrafa.

Visual: Rubi intenso.

Notas de Degustação: Aromas intensos e complexos, com especiarias, frutas maduras e um toque defumado. Bom corpo e taninos equilibrados, com final longo e um quê de tostado.

Teor Alcoólico: 14%.

Harmonização: Carnes, comida defumada e queijos.

Temperatura de Serviço: 16 a 18°C.

Teria ficado melhor, se aberto um bom tempo antes do início dos trabalhos, para que os aromas se revelassem em plenitude. Nos "aromas de fundo da garrafa", nítidas notas de frutas vermelhas, baunilha e geléia de morango.

Segundo o Confrade Joil, o nome do vinho - ENATE - o remete a uma possível sigla, que poderia ser: "Encontro Nacional dos Amigos do Tur Enológico"... Brinca.


SANTA RITA LATE HARVEST 2008



Produtor: Viña Santa Rita, fundada em 1880, com grande expansão a partir de 1980, tornando-se a 2ª vinícola chilena em tamanho de propriedades, com vinhedos nos principais vales, inclusive noValle de Limarí, onde são plantadas as uvas deste vinho.

Uvas: Moscatel. As uvas são prensadas de maneira direta, sem separação do prensado. Decantação por duas semanas e fermentação natural para melhor equilíbrio açúcar/acidez. Maturação por dois meses em cubas.

Visual: Amarelo esverdeado intenso e brilhante.

Notas de Degustação: Aromas com mistura deliciosa de frutas cítricas e flores, envolvidos por notas de damasco, mel e fragrâncias florais.

Teor Alcoólico: 12%.

Harmonização: Queijos maduros, sobremesas elaboradas e tartelete de frutas.

Temperatura de Serviço: 10°C.





Para guarnecer o Espumante e a Confraternização, essas delícias de pastas de salmão e azeitonas, além dos fartos pães.

Entrada: Trio de Crepes (Trio de Massa Delicada, Recheada com Lula, Camarão e Lagostim)




Prato Principal: Pernil de Javali (
Ao Molho de Frutas Silvestres, com Purê de Feijão Fradinho)


Sobremesa: Rabanada de Stollen (Pão Recheado com Frutas Secas e Amêndoas - com Gelado)



Acima, em primeiro plano da Esquerda para a Direita, O Presidente da Confraria, Daniel Acylino, Marcos Arouche e Luiz Carlos Mattos.

Da Esq. para a Direita, José Paulo Gils, Ligia Peçanha, Marcos Arouche, Sandra e Marcos Coelho.
Marcos Coelho e Aguinaldo Aldighieri (de camisa amarela), "O Imperador Aguinaldo I", carinhosamente alcunhado pelos Confrades, quando desempenhava o mandato de Presidente da Confraria.
Anna Norberta ("Primeira Dama", de Azul) e o casal Heloísa e José Flávio Gioia.
Joil, Terezinha e Anna Norberta.
O simpático casal Ângela e Aguinaldo Aldighieri.
Gils, Aguinaldo, Marcos Coelho e Joil.
Joil e o Sommelier Michel, que sugeriu a harmonização do Vinho da Entrada com a Comida.
Fátima Carvalho e Ligia Peçanha, que fez oportunos comentários sobre a harmonização.
Ângela, que comemorou o seu aniversário com o carinho de todos e uma torta, ao receber um presente (uma garrafa do vinho da sobremesa).
Uma tomada panorâmica de uma das animadas mesas que acomodaram os convivas.
Da Esquerda para a Dir., os competentes e atenciosos Garçons Paulo Victor, Itamar e Carlos André, cuja imprescindível colaboração aumentou o brilho do Encontro do Grupo.
Esta é a vista da "Sucursal da Confraria", isto é, da Residência do casal Daniel Acylino e Anna Norberta, cujo amável convite para degustar um Lemoncino à base de grappa - Bottega, Limoni di Sicilia - muito nos honrou. Foi no cair de uma tarde que se revelaria chuvosa, um verdadeiro dilúvio sobre a Cidade Maravilhosa, vendo-se as plácidas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, lado de Ipanema, em plano privilegiado, com a Montanha do Corcovado e o Cristo Redentor ao fundo.

Notas Sobre a Harmonização dos Vinhos com a Comida:

Joil comentou a harmonização com o Prato de Entrada e considerou o casamento mais feliz do vinho com o Lagostim... "Bom vinho da Nova Zelândia, com aromas de pera, goiaba, etc., além de um vegetal (Arruda?). Foi uma boa sugestão do Sommelier Michel.

Quanto à Harmonização com a Sobremesa, Joil confidenciou com Luiz Carlos Mattos e concluiram que, nas palavras do primeiro: "Rabanada com frutas secas, no ponto, gostosa. Vinho com grande frescor, frutado... A Sobremesa é uma Balzaqueana, que espera o garotão, o vinho frutado, com o vigor da juventude. Teve um excelente encontro. A Sobremesa era mais centrada, curtida, experiente... E o vinho, jovem, vital, 'garotão'... Não poderia ter sido melhor"! Nesse momento, sua mulher, Terezinha, sinalizou que achava que essa balzaqueana Sobremesa daria certo com o "Vinho garotão"... De pronto o marido, olhando de soslaio sob a aba do indefectível chapéu,
respondeu: "Não te trago mais!".

Ligia Peçanha, por sua vez, comentou o casamento do Vinho Tinto com o Prato Principal, assim: "Foi uma harmonização feliz... O purê bem temperado ficou interessante o javali e o vinho chegou no prato. O adocicado da geléia de amora valorizou o prato e combinou com os aromas frutados do vinho. Palmas para o Michel. Havia dúvidas a respeito de se o vinho chegaria no prato, mas ele chegou!"

Tal como o "garotão"do Joil, esse também era dos bons, Rs., Rs., Rs....

Os Créditos da maioria das fotos pertencem à Confreira Miriam Astuto, a quem agradeço pelo envio e permissão para publicar.


Novidades em Armagnac

O Confrade Eduardo Torres repassou uma msg. no Fórum Enológico, Grupo de Discussão da Academia do Vinho, que achei muito oportuna e resolvi disponibilizar para os Leitores do Mesa de Baco:





Nao e' tao novo (a decisao do BNIA e' de 2006, para efetivacao em 2007), mas creio que foi pouco divulgado fora de circulos restritos:


O BNIA (Bureau National Interprofessionnel de l'Armagnac) anunciou uma nova regulamentação para a denominação Armagnac, ja' validada pelo Governo francês.

A nova AOC chama-se Blanche d'Armagnac e é, segundo o BNIA, a primeira AOC de uma eau-de-vie a regulamentar o processo produtivo desde a videira até o produto acabado. Essencialmente, o Blanche d'Armagnac e' o Armagnac recemdestilado, nao envelhecido (e' portanto uma aguardente vínica nova, nao um brandy).

O decreto do BNIA, além da criacao da nova AOC Blanche d'Armagnac, detalha ainda as áreas de vinhas específicas que são destinadas exclusivamente para a produção de Armagnac.

Outra novidade: O prazo final de uso da Bacco 22 para o vinho base de Armagnac (única variedade de uva nao vinifera - e' híbrida - autorizada para producao de vinho na França), que deveria ser 2010, foi cancelado. A Bacco 22, apesar de varios protestos da comunidade vitivinícola da União Europeia contra essa último bastião das uvas americanas na Europa, continuará firme e forte em Armagnac.

Ainda sobre o Blanche: Foi determinado que todas as garrafas de Blanche serão representativamente amostradas e analisadas por 'paineis de provas' específico, através de um Acordo entre os produtores de Armagnacs envelhecidos.

As leis relativas ao Acordo de Armagnac para a denominação Blanche serão definidas e fiscalizadas pelo novo Agréé Organisme Armagnac (organismo oficial criado especificamente para esta finalidade).

Esse novo órgão atuará de modo independente do BNIA e será responsável pelo controle prático e adesão às condições de produção reguladas para o Blanche d'Armagnac.

Haverá identificação dos operadores e das ferramentas de produção do Blanche (lotes de terra, vinhas, adegas, alambiques, etc.).

Para o Blanche, um certificado do Agréé Organisme Armagnac será emitido após os resultados positivos obtidos em análises individuais detalhadas e degustação de todos os lotes antes da distribuição comercial.

A comercializacao do Blanche d'Armagnac começou em 2007.

Nunca provei, mas está sendo divulgado por um produtor (Château de Laubade) como:

(adaptação e tradução minha do francês - com ajuda do Google).

'Também proveniente do terroir de Armagnac, o Blanche d'Armagnac é uma eau-de-vie translúcida produzida pela destilação de vinhos brancos.

O Blanche Château de Laubade provém exclusivamente de uvas Folle Blanche, a variedade mais adequada para a produção dessa eau-de-vie aromática, marcada por grande fineza, e com um final longo e adocicado.

Ao contrário de outros Armagnacs, o Blanche Chateau de Laubade não é envelhecido em barris de carvalho. O vinho é destilado o mais rapidamente possível, no início de novembro, logo após o término da fermentação maloláctica, mantendo assim os seus melhores aromas frutados e florais.

O Blanche Chateau de Laubade é uma eau-de-vie muito aromática, equilibrada e macia. O assemblage final é decidido por uma comissão de degustação pouco antes do engarrafamento.

O Blanche d'Armagnac pode ser apreciado como um aperitivo, durante uma refeição, para acompanhar peixe defumado e caviar, ou como base para coqueteis.'

2 comentários:

  1. Grande Neri,
    Vendo essas fotos podemos imaginar o que perdemos.
    Sem problemas, haverão outros, estaremos lá!!! bjao
    Denise e Bené

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  2. Sentimos a falta dos nossos Chefs prediletos, Denise e Bené. Estou louco para que um novo Encontro aconteça na Pousada Cave do Sol, aí nessa pequena nesga do Paraíso, que se chama São Pedro D'Aldeia, num bom tom português. Ah!, Aquele filé-leque de Avestruz! Aquele conhecido Cheviche! Aqueles vinhos que ainda resistiam sobre a pérgula, na fresca madrugada!!!... Bjão e Abs. pro Bené.

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